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A Orquestra Juvenil da Bahia conquista Londres. De Novo

Este ansioso blogueiro entrevista o diretor do Programa NEOJIBA.
publicado 14/05/2011
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A Orquestra Juvenil da Bahia vai voltar a Londres agora no mês de maio para um concerto com o pianista chinês Lang Lang no Royal Festival Hall, em Londres.

Lang Lang ficou famoso quando tocou na abertura da Olimpíada de Beijing.

É a segunda vez que esta orquestra de jovens baianos, regida por um baiano, se apresenta em Londres e agora com Lang Lang, que já é considerado um dos maiores pianistas da atualidade.

Eu converso com o diretor do Programa NEOJIBA (Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia), e o inspirador desta experiência fascinante e pioneira do governo da Bahia, o pianista Ricardo Castro.

- O que significa pra vocês essa nova apresentação em Londres ?

- A gente sempre diz que o concerto só é bom quando ele vem com um convite depois. Hoje, a gente tem a confirmação da nossa estreia em Londres, ano passado, no mês de julho. Fomos a primeira orquestra juvenil brasileira a se apresentar na Europa. O resultado daquele concerto que foi um grande sucesso é que formos escolhidos para tocar com Lang Lang, este ano. É realmente uma grande honra para o Brasil poder estar lá, representando a nossa música, nossa juventude e ao lado de um artista tão requisitado e tão famoso, principalmente no Royal Festival Hall.

Paulo, você sabe que nenhuma orquestra brasileira tocou nessa sala até hoje?

- Que maravilha !!!

- Impressionante. O Lang Lang também nunca tocou com uma orquestra brasileira, a Juvenil da Bahia. Este é o nome da Orquestra.  O NEOJIBA é o nome do programa. A gente tem aqui várias orquestras, tem uma orquestra no Teatro Castro Alves, e uma orquestra pedagógica experimental e isso tudo funcionando dentro do Teatro Castro Alves. A gente espera ainda ter uma sede em breve. O programa está crescendo e no topo da pirâmide a gente tem essa orquestra juvenil maravilhosa que tá nos surpreendendo com o desempenho, com a qualidade...

- Qual é o programa para agora em maio, lá em Londres?

- O programa foi tudo encomendado. O Lang Lang escolheu. Hoje me perguntaram, vai ter música brasileira ? Eu falei, olha, a orquestra é baiana, a sala é inglesa, o solista é chinês, o programa tem um gosto italiano, americano, ou seja, é um concerto internacional. ...
É um programa muito difícil, tem o Pássaro de Fogo de Stravinsky, as Fontes de Roma, do Respighi e o Lang Lang interpreta a Rhapsody in Blue, do Gershwin e o Concreto no. 2, do Chopin.

- No bis, provavelmente, você vai brindar o público inglês com aquele maravilhoso “Tico-Tico no Fubá” ?

- Conseguimos um arranjo novo, o nosso tubista Jamberê fez um arranjo do “Tico-Tico” com piano. Então, vai ser uma estreia. Vai ser muito curioso ouvir isso aí.

(A plateia costuma sair do teatro, depois do “Tico Tico” como se estivesse num baile de Carnaval. Um barato ! – PHA)

- Agora vamos falar um pouco do NEOJIBA. Quantos jovens hoje estão no programa ?

- Ao todo, aqui dentro do Teatro Castro Alves, estamos com 160, 170 crianças.  No ICEIA, onde será nossa sede, temos um coral com 40 crianças. E em Simões Filho, há um novo grupo com 80 crianças. Então, isso tudo vai crescendo em função da nossa disponibilidade dos espaços físicos. Porque o nosso lema é fazer sempre com qualidade. Não adianta encher de menino se não puder aprender direito, não tiver sala com acústica preparada. A molecada tem que tocar bem. Isso já deu esse fruto, que é essa orquestra maravilhosa. E a gente espera mais equipamento para poder atender a uma lista de espera de mais de mil crianças.

- Mais de mil ?

- É, a demanda é surpreendente.

- Você pretende criar orquestras em quantos municípios da Bahia?

- O plano é levar para Bahia inteira. Hoje, a Bahia está dividida em territórios de identidade. São vários territórios. O Oeste, o de Vitória da Conquista, o Agreste, e esses territórios vão ser todos atendidos na segunda etapa: para Barreiras, Juazeiro. Já temos atividades no extremo sul, na área de Porto Seguro, Trancoso. E temos aqui perto em Jacobina e Conceição de Feira parceiros que estão trabalhando justamente na capacitação de professores. Sabe o Brasil está se interessando por essa área. Muitas ONGs estão comprando instrumentos. Mas ninguém sabe ainda ensinar o negócio. A gente precisa formar professores, e é esse o grande desafio do NEOJIBA: atender a quem ensina. Nossos meninos todos são capacitados para ensinar e para multiplicar o programa, pois a nossa grande deficiência é no conhecimento.

- Agora, Ricardo, a Bahia tem boas escolas de música?

- Olha, não posso dizer que sim. Infelizmente. O baiano, a gente fala,  não nasce, ele estréia. Ele não ensaia. Ele já sai cantando. Usa aquele talento, ele olha pra Lua e sai cantando. (Risos) Não ensaia, e a gente tá botando um pessoal pra ensaiar agora. Esses meninos entram às duas da tarde e saem oito da noite. Isso que tem dado resultado. A gente segue a metodologia d a Orquestra Juvenil da Venezuela. O estudo é diário. O Abreu, que fundou  movimento na Venezuela, sempre diz: tem três segredos - o trabalho, muito trabalho e mais trabalho.

- E sobre a temporada de 2011 ?

- Nós vamos tocar na série Mozarteum, aí, na Sala São Paulo, 26 e 27 de setembro, e também vamos estrear em Berlim e Genebra, com Maria João Pires, como solista, no mês de agosto. Ou seja, um belo ano para o  nosso projeto.

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Em tempo: Ricardo Castro fez o seguinte comentário:

Paulo. Obrigado pelo espaço generoso para nossos meninos. Gostaria de complementar duas informações : O Jamberê, nosso tubista principal e formado em composição na UFBa, tem se revelado um grande arranjador para Orquestra Sinfonica. A outra informação é sobre as escolas. Falo aqui das instituições e não das pessoas. A Bahia esta repleta de bons professores esperando melhores equipamentos. O problema é mesmo institucional, o atraso do Nordeste é grande nessa área, mas vamos mudar isso agora. NEOJIBA provou que vale a pena investir na educação de qualidade e esperamos investimentos em equipamento tanto na esfera estadual quanto federal.


Abraço. Ricardo Castro