Juiz que prendeu Dantas duas vezes não crê na Justiça
O corajoso Juiz Fausto De Sanctis correu um sério risco: submeter-se ao “Roda-Morta”, programa da TV Cultura de São Paulo, que se tornou um pelotão de fuzilamento a serviço dos tucanos de São Paulo.
Além de ser infinitamente chato !
Nesta segunda feira, o risco era maior, porque uma das estrelas do pelotão era o “jornalista” Marcio Chaer – clique aqui para ler “Chaer faz papel de imparcial e dá notícia contra Dantas”.
O outro risco era Fausto Macedo, jornalista do Estadão, que, por notável coincidência, deu inúmeros e imperdíveis furos nas 785 entrevistas semanais que o Supremo Presidente do Supremo deu ao Estadão, transformado em house-organ do Presidente Supremo do Supremo.
Chaer e Macedo fizeram perguntas que Gilmar Dantas (*) e Dantas talvez gostassem de fazer, se ali pudessem estar (de corpo presente).
A pérola foi o Chaer perguntar se De Sanctis votaria em Protógenes Queiroz para deputado federal.
Como se o De Sanctis fosse um tolo – opinião de que Dantas, certamente, não compartilha.
O fato é que os dois, Macedo e Chaer não foram sequer provocadores – foram ineptos.
Fizeram perguntas mal formuladas – Chaer é um mestre nisso - e irrelevantes – é a especialidade do Macedo.
O trágico foi constatar que o juiz que prendeu o passador de bola apanhado no ato de passar bola não acredita na Justiça brasileira.
Trata-se de um homem decepcionado com a possibilidade de se cumprir a Lei.
Cético, porque um criminoso como Dantas não vai para a cadeia.
De Sanctis descreveu os inúmeros instrumentos de que os advogados de clientes ricos – como Dantas, que De Sanctis, apesar de provocado, não mencionou - dispõem para impedir que a Justiça se exerça.
O HC, as liminares, os pedidos de certidão todo dia – expediente comum de advogados chicaneiros do Dantas – e as ameaças ao Juiz.
E esse é um ponto central do depoimento melancólico do brilhante e corajoso De Sanctis.
Advogado de rico ameaça juiz de primeira instância e fica por isso mesmo.
De Sanctis já foi ameaçado: se o senhor não fizer o que eu quero, vou ao Conselho Nacional de Justiça !
Os juízes de primeira instância são desmoralizados, inclusive nas instâncias superiores, que não lêem o que o juiz de primeira instancia escreve !
Quanto mais se sobe nas instâncias da Justiça brasileira, menor a credibilidade !, disse De Sanctis.
Os ricos querem pular a primeira instância – ele disse (quem será, amigo navegante ?).
O sistema judicial brasileiro não funciona !, falou o juiz mais famoso do Brasil.
É preciso reinventar o Judiciário brasileiro.
É insuportável ser juiz criminal de Primeira Instância no Brasil.
Rico não vai para a cadeia, é o resumo da entrevista - embora ele não tenha dito isso, dessa forma.
Mas é a essência do testemunho de De Sanctis, ao passar o trator sobre o Chaer e o Macedo: o Dantas não está na cadeia porque o Gilmar não quis !
Se o Chaer e o Macedo foram lá para massacrar o De Sanctis, assistiram à amarga acusação de um Juiz probo: acusação ao sistema que engendra, tolera e garante a liberdade de Dantas.
Dantas foi o sujeito oculto do “Roda Morta”.
E saiu de lá enxovalhado.
Em tempo: o Conversa Afiada gostaria que De Sanctis ocupasse a cadeira de Eros Grau, que, hoje, em boa hora, deixou o Supremo. Jamais o esqueceremos.
Paulo Henrique Amorim
(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista (**) do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista (**) da GloboNews e da CBN se refere a Ele.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG (***) que combatem na milícia para derrubar o presidente Lula. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.