A mulher brasileira faz uma revolução. Chauí conta uma história do Bolsa Família.
Extraído da entrevista da professora Marilena Chauí à revista “Caros Amigos” de dezembro, pág. 14.
“Eu tenho uma colega, socióloga, que viajou pelo Brasil inteiro fazendo a pesquisa em torno do Bolsa Família (*). O Bolsa Família produziu uma desestruturação da família, porque ele produziu a perda de lugar masculino e a presença forte da figura feminina. Isso mudou as relações de poder dentro do interior da família, isso mudou o lugar da mulher nas pequenas comunidades e pequenas sociedades.
E isso produziu o seguinte efeito: as mulheres do Bolsa Família foram capazes de usar o recurso de tal maneira que sempre houve uma sobra ... e elas se reuniram ... formaram cooperativas ... foram fazer artesanato, foram fazer corte e costura.
Há mil e uma atividades que as mulheres estão fazendo no Brasil inteirinho e isso mudou a relação com os filhos, porque, para fazer isso, elas compreenderam com clareza o significado do FUNDEB (http://portal.mec.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=12407&Itemid=726) e a ida da criança para a escola. E o FUNDEB, através do PRONAF (http://portal.mda.gov.br/portal/saf/programas/pronaf), criou o sistema nacional de merenda. A comunidade produz a merenda e a criança come. Essa despesa a mãe não tem.
É uma revolução.
Essa é uma mudança absolutamente incalculável, incalculável, não tem volta.”
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(*) Bolsa Família é aquele programa que atende 12 milhões da famílias. Se a criança fôr à escola e assistir a 80% das aulas, a mãe recebe uma mesada até R$ 140. Progressivamente, a mesada é paga em banco. O induz a mulher a abrir conta em banco e beneficiar-se da “banqueirização”. Esse programa, segundo a mulher de Padim Pade Cerra estimula a vagabundagem.
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