Lições de Dantas e Valério. O Brasil está à venda. É barato
Refletir sobre as revelações da Carta Capital é desalentador.
Clique aqui para ler "Carta desmascara a Época" e aqui para ler o editorial do Mino, " Dantas é invulnerável porque conhece todos os podres".
Todos os podres de todos os poderes: Judiciário (cabe vir em primeiro lugar), o Legislativo, o Executivo (nos governos FHC e Lula) e no quarto poder, a Imprensa, onde ele deita e rola.
Como diz o Mino, o fato de não existir um "mensalão", mas, sim, um sistema ilegal de financiamento de campanha e cooptação de empresas e intermediários de variada espécie não tira ninguém da cadeia - do PSDB ou do PT.
Como diz o Mino , o emprego da palavra "mensalão" é o log in do PiG (*) para entrar na página em que condena o PT e absolve os santinhos do PSDB - especialmente FHC, que incubou Dantas, e Padim Pade Cerra, cujos membros da família , por duas vezes, pelo menos, se associaram o Complexo Dantas Para Salvar o Brasil - numa empresa com sede em Miami ( epa ! ) e em outra que, como demonstrou Leandro Fortes na Carta, violou milhões de sigilos fiscais, com o " trabalho interno" de um amiguinho no Banco do Brasil.
( Não se iludam: o livro do Amaury vem aí .)
Este ansioso blogueiro não se cansa de dizer: antes de readmitir o Delúbio, o PT tem que se acertar com o Dantas.
O financiamento ilegal de campanha é intrínseco ao sistema político brasileiro.
Dele quem mais se beneficia é um passador de bola apanhado no ato de passar bola, cujo business plan se sustentava em: usar dinheiro dos outros ( dos fundos de pensão e do Erário ) ; e a impunidade na Justiça.
Ele faz e arrebenta , porque, como diz o Mino, é invulnerável.
Mas também as empreiteiras e grandes fornecedores são capazes de, através de Kurts da vida, manipular os partidos e os políticos.
A Castelo de Areia foi dissolvida n'água, numa decisão inacreditável: o STJ deu aos ricos a certeza de que, mais do que impunes, eles ininvestigáveis.
Porque, aparentemente, a Justiça tem a percepção de que, se fizer Justiça, o sistema político se desmancha.
Rico no Brasil não é suspeito.
E, breve, se os tucanos mandarem, não pagarão impostos, como recomenda a revista Economist.
O sistema político brasileiro não vai peitar o financiamento ilegal das campanhas.
Seria retirar o oxigênio que se respira na laranja que Niemeyer cortou ao meio e depositou na Praça dos Três Poderes (podres) em Brasília.
Se aprovar o financiamento público , será mais desrespeitado que a Constituição.
Dantas é o maior dos corruptores.
Marcos Valério, seu patético instrumento.
Eles são um exemplo de como é fácil comprar todo o sistema: PSDB e PT.
Urbi et Orbi.
Em São Paulo, Minas, Rio e tudo converge para Brasília, que, hoje, concentra mais escritório de lobby-cum-advogados do que em toda a Washington.
O Kakay, por exemplo.
O grande advogado de Brasília.
Nao há em Washington ninguém que se compare na relação número de causas-sucessos obtidos.
A única comparação possível é com Márcio Thomaz Bastos, que não perde uma no Supremo.
Ou o Greenhalgh, também chamado de "Gomes", na Satiagraha.
Sem ele, a BrOi, a P-36 do Governo Lula, não existiria.
(Hoje, aparentemente, o " Gomes" se dedica a incentivar a publicação de livros que mesclam as biografias de São Francisco de Assis com a de Daniel Dantas).
Interessante que Greenhalgh, Bastos e Kakay começaram a vida pelo lado esquerdo, a defender presos políticos no regime militar.
Falta-nos o Padre Vieira (longe de ser essa a vocação do Mino).
A conjugação do verbo "rapio" é o que dá vida e coerência ao sistema.
O Brasil está à venda.
A apropriação do Estado pelos ricos mais espertos é táo brasileira quanto o Tico Tico no Fubá.
E sai barato.
É só ver as contas do Marcos Valério na Carta.
Com qualquer dez mil reis se compra qualquer coisa.
E ninguém vai em em cana.
Ou é importunado com uma investigação criminal.
Como disse outrora um brasileiro de que devemos nos orgulhar, o Juiz Fausto de Sanctis.
O Brasil é um paraíso.
Paraíso penal.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.