Viomundo encontrou um baleado em Pinheirinho
Adriano Diogo: “Depois de balear David pelas costas, a GCM atirou nele, de novo”
publicado
01/02/2012
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Sau no Viomundo:
Adriano Diogo: “Depois de balear David pelas costas, a GCM atirou nele, de novo”
por Conceição Lemes
O Conselho Estadual de Defesa da Pessoa Humana, da Defensoria Pública Estadual e do Ministério Público Estadual (Condepe) promoveu na última segunda-feira mutirão nos galpões e igreja, que abrigam os moradores despejados do Pinheirinho. Aproximadamente 90 pessoas, entre conselheiros do Condepe, parlamentares e entidades de direitos humanos participaram.
“O que mais me chamou a atenção foi o caso do rapaz de 30 anos, baleado pela GCM [Guarda Civil Municipal]; está com a perna esquerda paralisada e corre o risco de ficar com sequelas”, denuncia o deputado estadual Adriano Diogo (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de São Paulo. “Se passaram nove dias e ele não foi ouvido nem tinha feito exame de corpo de delito.”
O rapaz é David Washington Furtado, 30 anos, natural de Recife, funcionário terceirizado da Prefeitura (calça ruas, assenta sarjetas e calçadas) e agora ex-morador do Pinheirinho. Foi baleado, na área externa do acampamento, quando se dirigia junto com a esposa (Laura) ao posto de atendimento da Prefeitura para se cadastrar.
“É a história mais escondida de São José dos Campos”, observa Adriano. “Depois de balear David pelas Costas, a GCM atirou nele, de novo, quando já estava caído no chão. Uma barbaridade.”
Foi o próprio David que contou isso a uma comissão, que o ouviu num dos leitos do Hospital Municipal de São José dos Campos, onde está internado.
Integrada por Adriano Diogo, Carlinhos Almeida (deputado federal PT-SP), Renato Simões (conselheiro do Condepe), Ivan Seixas (presidente do Condepe) e Antonio Donizete (advogado dos moradores do Pinheirinho), a comissão levou canseira de uma hora e meia da direção do hospital, administrado pela SPDM, para entrar no quarto de David. Não teve acesso ao prontuário, apenas conversou com os médicos.
– Ele vai ficar paraplégico?
– Não sei ainda. Acho que não, ainda não deu para fazer a eletroneuromiografia.
– Lesionou a medula espinhal?
– Ela não foi seccionada, mas o sistema periférico da vértebra está comprometido. Tanto que ele não consegue mexer a perna esquerda.
– Mas ele vai voltar a andar sem problemas?
– Não sei se vai dar ou não.
Nesta quarta- feira, será realizada na Assembleia Legislativa de São Paulo audiência pública para discutir a situação dos despejados do Pinheirinho. Participarão ex- moradores do Pinheirinho, entidades e movimentos sociais, representantes do Condepe,da Defensoria Pública Estadual e do Ministério Público Estadual.