Bláblárina é um salto no escuro
Bláblárina cumpriu todo os requisitos, diria o Gilmar Mentes (*) menos um: não conseguiu as assinaturas.
Não tem, ao menos, 5% dos eleitores.
Vamos relevar os traços autoritários de uma personalidade dissimulada, obliqua, que se move por um sentimento que não tem nada de “novo” nem “revolucionário” - é a busca da forra, contra Lula e Dilma, a escolhida e, não, ela.
Despeito que se esconde na alma desde o Homem de Neandertal.
O importante é que Bláblárina demonstrou cabalmente que não soube organizar um Partido Político.
Como é que ela vai organizar a Política, se eleita ?
O ansioso blogueiro consultou o Datapadaria, do José Simão, e concluiu que os 19% da Blábárina de 2010 encolheram.
Falta-lhe, hoje, representatividade.
(E “proporcionalidade”, diria, em alemão, o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, seu exaltado -e solitário - defensor.)
Quantos estão com ela ?
E que lideranças teve a seu lado, na Via Crucis do julgamento ?
Pedro Simon, respeitada liderança que anunciou, ele próprio, a aposentadoria.
Um Simon tão à vontade no PMDB quanto estaria Simão Pedro.
Miro Teixeira, formalmente do PDT, não guardou do brizolismo nem o lenço vermelho.
Miro tem assento numa única bancada, desde que Chagas Freitas se foi: a bancada da Globo Overseas.
Quantos votos tem o Miro no Rio ?
A última votação significativa de sua longa carreira foi ajudar a aprovar no Supremo o fim da Lei de Imprensa.
De lá em diante, foi lentamente ladeira abaixo.
Até subir na aventura da Bláblárina.
Que contou, cabe ressaltar, com a douta assessoria jurídica do Big Ben de Propriá, que o povo de Sergipe se recusou sistematicamente a eleger.
Com que bancada governaria a Presidenta Bláblárina ?
Com quantos deputados e senadores contaria, além, da irrefreável adesão dos Moreira Franco do PMDB ?
Com que quadros administraria o Brasil ?
Teria que recorrer à Casa das Garças, o gazebo das flores neolibelistas (**) ?
Ou ao Instituto Millenium, o nosso IPÊS ?
Ou ao Greenpeace ?
(A quem, aliás, o Putin dá tratamento apropriado, na opinião deste ansioso blogueiro.)
Bláblárina é uma aventura política.
Quem garante que, na hora da crise, ela não mande tropas ao Supremo, ao Congresso, como parecia fazer, no cerco pigal (***) ao Tribunal Superior Eleitoral ?
Ela é um risco institucional.
Uma ameaça à Constituição.
Ela não sabe para que quer governar.
Não tem uma ideia relevante, original.
Não tem régua nem compasso, visão para o país.
Na hora em que a coisa aperta e ela não tem o que propor, sugere um plebiscito.
No governo dela haveria tantos plebiscitos quanto jogos do Brasileirinho.
Ela tem compromisso com nuvens, miragens: “sustentabilidade”, por exemplo, que quer dizer tanto quanto “transparência”, ou seja, nada.
Bláblárina está a 180 graus de separação dos problemas do país.
Ela joga damas num jogo de xadrez.
O Miro, experiente, poderia recomendar que ela tivesse uma conversinha com o Senador Collor, para saber quanto lhe custou Governar sem o Congresso – e contra o Congresso.
Ou com o Ciro Gomes, que acha o Eduardo Campriles um “zero” e a Bláblárina um risco à Democracia.
Quem a apoiaria (até a véspera de cair) ?
Os Verdes da Globo Overseas, o pessoal que entende de AR e Água ?
Bláblárina é um equivoco como Evangélica.
Ela ainda é Criacionista, contra o Darwin ?
Como Verde.
(O desmatamento caiu depois que ela saiu do Ministério do Verde.)
Como bióloga – o Lula provou que ela não entende nada de bagre .
Como mulher na política – que causas da mulher ela defende, que bandeiras empunhou ?
Como defensora das minorias étnicas, cujos Direitos Civis, na Amazônia, são impiedosamente desrespeitados.
E ela preocupada com o Código Florestal.
O que os seringueiros do Chico Mendes acham do Código Florestal ?
Ou estão mais preocupados com os Direitos Trabalhistas ?
E um equivoco como política.
O que marcou sua passagem pelo Senado ?
Bláblárina tem uma questão a acertar com a Historia; ela combateu, torpedeou as usinas de Jirau e Santo Antônio no Madeira, e Belo Monte, no Xingu, dois patrimônios econômicos do Brasil.
Ela, provavelmente, iria substitui-las pela energia de Fukushima !
Ela foi um ponto fora da curva de 2010.
Na campanha que o Padim Pade Cerra levou para o aborto (no Chile … pode) a ponto de exigir a intervenção do Papa (o anterior...).
Fora do PT e do Acre ela perdeu a bússola.
E se tornou, apenas, raivosa.
Pra dentro.
O Gilmar é que é pra fora.
Paulo Henrique Amorim
(*) Clique aqui para ver como notável colonista da Globo Overseas Investment BV se referiu a Ele. E aqui para ver como outra notável colonista da GloboNews e da CBN se referia a Ele. O Ataulfo Merval de Paiva (*) preferiu inovar. Cansado do antigo apelido, o imortal colonista (**) decidiu chamá-lo de Gilmar Mentes. Esse Ataulfo é um jenio. O Luiz Fucks que o diga.
(**) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(***) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.