Globo, Freixo e Cae se engalfinham
O Globo Overseas publicou nesta segunda-feira um daqueles editoriais “históricos”.
Nada que se compare à hipócrita mea-culpa de condenar o regime militar que apoiou incondicionalmente e com o qual se locupletou.
O editorial agora é para espinafrar o líder de uma minoritária corrente de opinião no Rio, o Marcelo Freixo, que, segundo o Globo, “não está acima do bem ou do mal”:
O dever de um jornal
(…)
No dia em que foi preso Fábio Raposo, réu confesso de participar diretamente da ação que resultou na morte do cinegrafista Santiago Andrade, Marcelo Mattoso, o estagiário do advogado que defendia o detido, disse duas coisas: a ativista Elisa Sanzi Quadros telefonara para ele e oferecera ajuda jurídica; e que, ao passar o telefone para o próprio advogado, Jonas Tadeu Nunes, este ouvira dela que o homem que atirou o rojão contra o jornalista “era ligado ao deputado Marcelo Freixo, do PSOL” e que o deputado estaria à disposição de Fábio. Ao telefone, a ativista avisava que estava indo à delegacia junto com outros ativistas para protestar contra a prisão. Tudo isso foi registrado, oficialmente, num termo de declaração prestado pelo estagiário na delegacia.
Logo em seguida, de fato a ativista e alguns colegas foram à delegacia. A primeira parte do termo de declaração, prestado antes de Elisa aparecer na repartição policial, estava confirmada. Um dos ativistas, Yan Carrazoni de Matos, chegou a ser agredido por um dos jornalistas ao dizer a ele e seus colegas que estavam de plantão na delegacia: “Tomara que vocês sejam os próximos” (os próximos a levar um rojão na cabeça). O que fez a imprensa e O GLOBO em particular?
Ligou para o deputado e relatou o ocorrido. O deputado primeiro disse que não sabia de nada e que só se manifestaria depois de ler o termo de declaração. De posse dele, decidiu gravar uma entrevista para a TV Globo, a primeira a procurá-lo. Na gravação, o deputado decidiu admitir que recebera um telefonema da ativista naquela manhã, solicitando assistência jurídica porque temia que o ativista preso fosse torturado. No telefonema, segundo seu relato, negou assistência jurídica, porque para isso existe a defensoria pública, mas concordou em agir para que torturas não ocorressem.
Por fim, negou ter dito à ativista que o atirador de rojão fosse ligado a ele. E prometeu processar a ativista e o advogado se insistissem nessa afirmação. Mais tarde, revelou que o advogado Jonas Nunes tinha sido o defensor de Natalino Guimarães, um dos líderes das milícias cujos crimes foram denunciados por ele quando presidia a CPI sobre o tema. Insinuou, assim, que o relato do advogado era enviesado.
A ativista, por sua vez, confirmou aos jornalistas que oferecera assistência jurídica e que telefonara para o deputado para pedir ajuda, mas negou ter dito que o atirador do rojão fosse ligado a Freixo. O delegado que cuidava do caso deu entrevista afirmando ter ouvido o telefonema e, por esse motivo, pedido ao estagiário para documentá-lo no termo de declaração.
(...)
Leia mais sobre esse assunto em http://oglobo.globo.com/opiniao/o-dever-de-um-jornal-11624277#ixzz2tZzLancw
Na véspera, o Caetano Velloso, em sua imperdível colona (*) escreve sobre “Freixo outra vez”.
E começa de forma inesquecível: “Gosto de Freixo não porque ele é (sic) do PSOL. Acho que gosto um tanto do PSOL por ele abrigar Freixo. Sou independente, conforme se vê.”
Um jenio !
Se o amigo navegante conseguir chegar o fim do texto - “é o samba do barroco doido” - , perceberá que Cae defende o Freixo com todos os argumentos que o editorial do Globo, um dia depois, desmonta como um médico legista.
Não fica osso sobre osso.
O editorial, portanto, é uma resposta ao Cae, também.
Trata-se, como se percebe, de um jogo de espelhos.
É um “Lago dos Cisnes” de cabaré de beira do cais.
Cae se tornou “intelectual orgânico” das Organizações Overseas.
E, agora, entre ele e si próprios, os filhos do Roberto Marinho – eles não têm nome próprio – deram a Cae o tratamento que dispensariam a funkeiro da periferia de Salvador.
Patrão é patrão, Cae …
A Globo Overseas é hipócrita, porque foi ela quem anunciou, organizou, cobriu e disseminou – como dissemina até hoje – os movimentos “sociais” que venham a derrubar a Dilma.
A Globo capturou os movimentos sociais desde o primeiro dia.
Com a morte do cinegrafista da Band – clique aqui para ver a resposta dos Black Blocs ao editorial do jornal nacional - , a Globo e o Ataulfo Merval de Paiva (**) se assustaram e começaram a pedir rigor !
Quase uma ressurreição do General Newton Cruz !
Qual é o candidato a Globo a Presidente ?
Como diria o Príncipe da Privataria, qualquer um serve, desde que não seja a Dilma.
E, se não tiver “qualquer um”, vamos de General Mourão, hoje encarnado no Gilmar Dantas (***).
Quanto ao Freixo, a Globo quer que ele se lixe.
Freixo serve enquanto ajudar a derrotar os inimigos da Globo – sejam Verde, Roxo, de cara limpa ou encobertos como um Black Bloc.
O máximo a que um Freixo pode, no futuro, aspirar, é ter um programete na GloboNews, colado no do Gabeira...
Em tempo: e o Bessinha, hein, Cae ? Está impossível!
Em tempo2: de amigo navegante que percebe, de longe, manifestações de impostura:
"A primeira frase do Caetano é um típico requebrado de Carmem Miranda."
Pau-lo Hen-ri-que A-mo-rim
(*) Não tem nada a ver com cólon. São os colonistas do PiG que combateram na milícia para derrubar o presidente Lula e, depois, a presidenta Dilma. E assim se comportarão sempre que um presidente no Brasil, no mundo e na Galáxia tiver origem no trabalho e, não, no capital. O Mino Carta costuma dizer que o Brasil é o único lugar do mundo em que jornalista chama patrão de colega. É esse pessoal aí.
(**) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse. Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos, estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".
(***) Clique aqui para ver como notável colonista da Globo Overseas Investment BV se referiu a Ele. E aqui para ver como outra notável colonista da GloboNews e da CBN se referia a Ele. O Ataulfo Merval de Paiva (**) preferiu inovar. Cansado do antigo apelido, o imortal colonista (*) decidiu chamá-lo de Gilmar Mentes. Esse Ataulfo é um jenio. O Luiz Fucks que o diga.