Mino: o PiG vive da covardia de suas vítimas!
Dilma, mostre que o país não está desgovernado!
publicado
07/11/2015
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O Mino está insuperável, na edição dessa semana da Carta, em que também o Mauricio Dias mostra a adaga com que o PMDB apunhalou a Dilma (pelas costas):
O espírito do passado
Dilma Rousseff tem de mostrar que a democracia ainda precisa de uma guerrilheira
por Mino Carta
Véspera eleitoral de 2010, almoço em uma “mansão” de bairro “nobre”. Singulares situações, embora largamente justificadas, me escalam à mesa de alguns “colunáveis” a rodearem o rei da Suécia, como se sabe casado com brasileira e desde então a fazer lobby do seu célebre caça Gripen. Coloquei algumas palavras entre aspas por obra de respeitosa adequação ao linguajar do jornalismo nativo.
Permito-me uma digressão. Eu também moro em região “nobre”, os Jardins paulistanos, e me abalo a garantir que de nobre ali não há coisa alguma. O bairro do almoço, de fato um banquete, é ainda mais graúdo, e me pergunto como o chamariam os repórteres ao confrontá-lo com o meu. Nobilíssimo? Principesco?
Reina naquele recanto uma acentuada balbúrdia arquitetônica, de sorte a impor no mesmo cenário a casa dos sete anões, sempre à espera da neve, e Tara, moradia neoclássica de Scarlett O’Hara, em meio aos algodoais. Ou a vivenda de Zorro e um disco voador.
Há outros contrastes, contudo, naquele faiscante rincão: nele se encravam favelas do tamanho de históricas cidades europeias, uma Siena ou uma Bruges. Sem maior tormento por parte dos moradores, acham tudo muito natural. Afora os assaltos.
Retorno ao almoço opíparo. Inquietava a alguns dos convivas a perspectiva de ver eleita uma “guerrilheira” (continuam as aspas) de origem búlgara, uma tal de Dilma Rousseff. A conversa produzia um ruído desagradável aos meus ouvidos e lá pelas tantas não me contive e, de lança em riste, proclamei que uma coisa é ser guerrilheiro contra uma ditadura e outra é sê-lo contra um Estado de Direito.
É a diferença entre Dilma, digamos, e Cesare Battisti, o assassino que ganhou asilo no Brasil graças à devastadora ignorância nativa, alimentada, inclusive, por muitos ditos esquerdistas nas nossas plagas.
Exagerei, repito. Em determinados momentos pareço-me com Pickwick, a personagem de Dickens que perdia as estribeiras enquanto aumentava a empolgação do revide. Deveria eu era ter dado uma gargalhada. Nem sempre, infelizmente, reajo como convém no confronto com a selvageria.
Por exemplo. Como reagir diante das últimas capas das revistas Veja e Época? Independentemente das acusações que precisam ser provadas, algo similar não aconteceria, disso tenham certeza, em qualquer país civilizado e democrático.
Ninguém à mesa imaginava que algum dia ainda culparia Lula por ter cumprido a mesma tarefa desempenhada pelo rei da Suécia, afável presença, alheia ao entrevero, e a quem não foi simples explicar-lhe as razões. De todo modo, alguém perguntara se um nascido em terra estrangeira, ou seja, o acima assinado, teria direito de tomar aquelas ofensivas atitudes.
A evocação se deve a uma consideração posterior: Dilma Rousseff não foi a “guerrilheira” sugerida naquele almoço guardado na memória. Fez, porém, um governo inquestionável até final 2013, conforme prova em sua magistral coluna desta edição o professor Delfim Netto. Os problemas fermentaram em seguida, e não apenas como efeito da crise econômica mundial. Os resultados estão aí, e nos penalizam a todos.
Os adeptos do “Fora Dilma” acham, em boa ou má-fé, que o impeachment resolve. Enganam-se, obviamente. Nada pior do que golpear fatalmente a nossa incipiente democracia. Do seu lado, Dilma, para não conferir sentido à sua presidência, não tem, na minha opinião, outra saída a não ser encarnar o espírito da guerrilheira prometida, e temida, e não cumprida.
Adaptada aos dias de hoje e às esperanças de quem sonha o Brasil como um país feliz para todos. Trata-se de reencontrar a energia da juventude combativa para assumir a chefia afetiva do governo e reavaliar as políticas até aqui implantadas, e as figuras políticas chamadas a pô-las em prática.
Trata-se, sobretudo e antes de mais nada, de enfrentar de cara aberta uma oposição desvairada, apoiada pelo delírio midiático e favorecida pela tibieza das reações dos seus alvos. Contra a desesperança, é preciso mostrar imperiosamente que o País não está desgovernado.
por Mino Carta
Véspera eleitoral de 2010, almoço em uma “mansão” de bairro “nobre”. Singulares situações, embora largamente justificadas, me escalam à mesa de alguns “colunáveis” a rodearem o rei da Suécia, como se sabe casado com brasileira e desde então a fazer lobby do seu célebre caça Gripen. Coloquei algumas palavras entre aspas por obra de respeitosa adequação ao linguajar do jornalismo nativo.
Permito-me uma digressão. Eu também moro em região “nobre”, os Jardins paulistanos, e me abalo a garantir que de nobre ali não há coisa alguma. O bairro do almoço, de fato um banquete, é ainda mais graúdo, e me pergunto como o chamariam os repórteres ao confrontá-lo com o meu. Nobilíssimo? Principesco?
Reina naquele recanto uma acentuada balbúrdia arquitetônica, de sorte a impor no mesmo cenário a casa dos sete anões, sempre à espera da neve, e Tara, moradia neoclássica de Scarlett O’Hara, em meio aos algodoais. Ou a vivenda de Zorro e um disco voador.
Há outros contrastes, contudo, naquele faiscante rincão: nele se encravam favelas do tamanho de históricas cidades europeias, uma Siena ou uma Bruges. Sem maior tormento por parte dos moradores, acham tudo muito natural. Afora os assaltos.
Retorno ao almoço opíparo. Inquietava a alguns dos convivas a perspectiva de ver eleita uma “guerrilheira” (continuam as aspas) de origem búlgara, uma tal de Dilma Rousseff. A conversa produzia um ruído desagradável aos meus ouvidos e lá pelas tantas não me contive e, de lança em riste, proclamei que uma coisa é ser guerrilheiro contra uma ditadura e outra é sê-lo contra um Estado de Direito.
É a diferença entre Dilma, digamos, e Cesare Battisti, o assassino que ganhou asilo no Brasil graças à devastadora ignorância nativa, alimentada, inclusive, por muitos ditos esquerdistas nas nossas plagas.
Exagerei, repito. Em determinados momentos pareço-me com Pickwick, a personagem de Dickens que perdia as estribeiras enquanto aumentava a empolgação do revide. Deveria eu era ter dado uma gargalhada. Nem sempre, infelizmente, reajo como convém no confronto com a selvageria.
Por exemplo. Como reagir diante das últimas capas das revistas Veja e Época? Independentemente das acusações que precisam ser provadas, algo similar não aconteceria, disso tenham certeza, em qualquer país civilizado e democrático.
Ninguém à mesa imaginava que algum dia ainda culparia Lula por ter cumprido a mesma tarefa desempenhada pelo rei da Suécia, afável presença, alheia ao entrevero, e a quem não foi simples explicar-lhe as razões. De todo modo, alguém perguntara se um nascido em terra estrangeira, ou seja, o acima assinado, teria direito de tomar aquelas ofensivas atitudes.
A evocação se deve a uma consideração posterior: Dilma Rousseff não foi a “guerrilheira” sugerida naquele almoço guardado na memória. Fez, porém, um governo inquestionável até final 2013, conforme prova em sua magistral coluna desta edição o professor Delfim Netto. Os problemas fermentaram em seguida, e não apenas como efeito da crise econômica mundial. Os resultados estão aí, e nos penalizam a todos.
Os adeptos do “Fora Dilma” acham, em boa ou má-fé, que o impeachment resolve. Enganam-se, obviamente. Nada pior do que golpear fatalmente a nossa incipiente democracia. Do seu lado, Dilma, para não conferir sentido à sua presidência, não tem, na minha opinião, outra saída a não ser encarnar o espírito da guerrilheira prometida, e temida, e não cumprida.
Adaptada aos dias de hoje e às esperanças de quem sonha o Brasil como um país feliz para todos. Trata-se de reencontrar a energia da juventude combativa para assumir a chefia afetiva do governo e reavaliar as políticas até aqui implantadas, e as figuras políticas chamadas a pô-las em prática.
Trata-se, sobretudo e antes de mais nada, de enfrentar de cara aberta uma oposição desvairada, apoiada pelo delírio midiático e favorecida pela tibieza das reações dos seus alvos. Contra a desesperança, é preciso mostrar imperiosamente que o País não está desgovernado.