A nova classe média. Sozinha ela não ganha a eleição
Extraído do Blog do Nassif:
A nova classe média
Enviado por luisnassif, seg, 18/10/2010
Coluna Econômica
Nos últimos anos, o Instituto Data Popular se transformou em uma das melhores referências do país sobre a nova classe média.
A nova classe média veio para ficar devido a um conjunto de fatores estruturantes, diz Renato Meirelles, sócio diretor do Data Popular.
O primeiro, é a juventude nas classes C, D e E. Fala-se muito no chamado "bônus demográfico" brasieiro – isto é, em um período extremamente favorável em que a maior parte da população estará integrando a população economicamente ativa.
Só que esse bônus varia de acordo com as faixas de renda. Nas classes A e B haverá um envelhecimento crescente. Nas classes C e D, preponderância dos jovens.
Na classe A os jovens até 16 anos representam 17% da população; entre 17 e 30 anos, 24%; entre 31 e 40 anos, 12%; entre 41 e 60, 35% e acima de 61 anos, 12%. Na classe E, até 16 anos representam 45%; e, acima de 61 anos, apenas 2%.
As implicações são interessantes.
Na faixa dos 1% mais ricos, os pais ganham dez vezes mais que os filhos. Na nova classe média, apenas duas vezes mais. Com isso, são os mais jovens que influenciam as decisões de consumo das famílias. Na classe A, apenas 10% dos jovens estudaram mais do que os pais. Na classe C, 60%.
Esse desenho muda tudo no jogo político, de consumo e educacional, diz Renato.
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Para essas essas classes, o consumo tem um papel simbólico dos mais relevantes. Eles passarão a ditar as tendências, porque – ao contrário dos jovens das classes A e B – além do conhecimento recém-adquirido trarão um componente de luta e determinação novos.
Um dos depoimentos colhidos pelo Instituto: "Cresci aprendendo muito. Aprendi na rua, aprendi em casa e com o que estou aprendendo na faculdade vou poder fazer tudo novo. Do meu jeito, com a minha cara e os meus valores".
Entre esses valores está o sentido que trazem ao ato do consumo. Para essa nova classe, o consumo traz o sentido de inclusão social – ou, para usar um termo do sociologuês, de
"pertencimento". O segundo, porque representa a bóia capaz de tirá-los definitivamente do universo das restrições. Encaram também como oportunidade e investimento. Finalmente, a satisfação de necessidades e sensação imediata de prazer.
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Entender esse novo consumidor abre um campo enorme para os novos negócios.
A classe C responde por 54% das vendas de calçados no sudeste, 55% no sul, 57% no centro-oeste, 62% no nordeste e 62% no norte. Em viagens, já responde por 51% das despesas no nordeste a 34% no sudeste.
Nos serviços financeiros, detêm 60,2% das contas correntes, 61% dos cartões de crédito, 57,8% das contas de poupança, 63,6% dos planos de saúde, 61,9% dos seguros.
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Segundo as conclusões do Data Popular, essa nova classe média já movimenta R$ 834 bilhões por ano (contra R$ 216 bi da classe A e R$ 329,5 bi da classe B); responde por 87% da população, 76% do consumo, 69% dos cartões de crédito e 82% dos internautas.
O depoimento de uma consumidora classe C dá o fecho para o estudo: "Comprar é perceber que todo nosso esforço vale à pena, que dá para agradar todo mundo, ficar de bem com a
gente mesmo".
O que o segundo turno demonstrou é que o Governo Lula não conseguiu ganhar a eleição com o crescimento da economia, a inclusão social e a expansão da classe média.
Por que ?
Porque o Governo não pôde, ao longo de oito anos, mostrar ao eleitor o que tinha feito: crescer, incluir e elevar à classe média.
Sem uma Ley de Medios, o PiG (*) interditou o debate, fixou a agenda e o Governo falava para dentro, para si mesmo.
Na suposição de que as pessoas iam sentir na pele que a vida tinha melhorado.
Mas, dizia o Chacrinha, quem não se comunica se trumbica.
O Governo perdeu a batalha política da comunicação.
O Governo teve medo do PiG (*).
E o PiG (*) pisou no Governo.
O PiG (*) ganhou.
O PiG (*) ganhou porque não deixou o Governo se comunicar.
O PiG (*) - e, portanto, o Governo – despolitizou o Brasil.
E, aí, foi fácil aplicar o Golpe do Aborto.
Os Brucutus do Serra aliados aos padres franquistas da Opus Dei brasileira criaram a “onda verde”.
Que de verde só tem os xales da Bláblárina.
O aborto da mulher do Serra, por exemplo.
O jornal nacional vai dar ?
O Paulo Preto (ou Souza) – o jornal nacional vai dar ? (Clique aqui para ver a reportagem do Domingo Espetacular).
Não, ao contrário.
Mesmo sem dar, o jornal nacional desmentiu o que não deu: uma pirueta do Ali Kamel, com a ajuda providencial do Tonico Ferreira, de banqueira elegância.
Portanto, a ascensão da classe média não basta – como previu este ordinário blog: os que se beneficiam do Governo Lula serão os mesmos que votarão no Berlusconi, se não houver uma Ley de Medios que neutralize o efeito Golpista do PiG (*).
Uma Ley de Medios que rapidamente desmascare uma calhordice – diz o Ciro – de um novo santarrão como o Serra.
O Serra é um produto do PiG (*).
Não fosse o PiG (*), ele (e o FHC) não passavam de Resende.
Mas, sem uma Ley de Medios, o Serra quase chegou a Barra Mansa.
Ao subir nas costas da Bláblárina.
Sem Uma Ley de Medios, a Dilma não conseguirá governar.
Por mais que empanturre a classe média.
Por falar nisso: cadê o Lula ?
O Ali Kamel escondeu o Lula.
É mais fácil ver o Lula na BBC do que na Globo.
Clique aqui para saber mais sobre no que pode dar a classe média: “José Padilha vai ser o Ministro da Segurança do Serra”.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.