Salário de doméstica sobe 3 vezes mais que a média
Saiu no Tijolaço, artigo de Fernando Brito:
Cada vez mais longe da escravidão: salário de doméstica sobe 3 vezes mais que a média
A moça aí da foto, Maria dos Anjos Alves, saiu num jornal do Rio Grande do Norte, tempos atrás, como exemplo de uma das empregadas domésticas que, até mesmo antes da nova lei, buscava seus direitos trabalhistas.
Ela, aos 18 anos, contava ter trabalhado para uma família que não lhe dava folga, 12 horas por dia. Nem feriados, que dirá férias.
Dos Anjos ainda existem, mas, que bom, cada vez são menos.
Veja o que O Globo publica hoje, com os dados que o IBGE divulgou de manhã:
“As empregadas domésticas foram os trabalhadores que mais tiveram aumentos salariais no ano passado. O rendimento médio anual da categoria aumentou 6,2%, mais que o triplo dos 1,8% registrados pelos trabalhadores em geral, de acordo com a Pesquisa Mensal de Emprego do IBGE para as seis maiores regiões metropolitanas do país divulgada nesta quinta-feira. A comparação entre os salários de dezembro com os de igual mês de 2012 mostra uma escalada ainda maior na renda da categoria, com uma alta de 8,2%, com alta do rendimento para R$ 843. Nessa mesma comparação, a renda média geral do país subiu 3,2%.”
“Os ganhos salariais do setor vêm sendo acompanhados de redução na oferta de mão de obra. Entre 2003 e 2013, o grupo apresentou a maior queda de participação no total de trabalhadores ocupados, passando de 7,6% em 2003 para 6,1% no ano passado, uma queda de quase 20% nesses 11 anos. Nesse mesmo período, o rendimento dos trabalhadores domésticos cresceu 62,3% contra ganhos de 29,6% na renda geral do país.”
O número de trabalhadores domésticos – ou de trabalhadoras, porque são a esmagadora maioria – caiu, mas isso não gerou desemprego. Além da expansão do trabalho como diaristas – onde ganham mais – cresceu a absorção de mão de obra feminina em todas as áreas.
Não há nada de errado com o trabalho doméstico, exceto o fato que ele deve, como qualquer outro, ser exercido em padrões de dignidade e remuneração muito diferentes da semi-escravidão que ele sempre teve no Brasil.
O mundo moderno não é mais para “dondocas”, por mais que elas suspirem de saudades do tempo da “chibata de sininho”.
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