O Globo usa psicanalistas para dizer que Dunga tem mania de perseguição
O Conversa Afiada reproduz texto publicado no blog Vi o Mundo, de Luiz Carlos Azenha:
E se o destempero entrar em campo?
Psicanalista teme que atitude exaltada do treinador seja incorporada pelos jogadores
Fernanda Thurler, em O Globo, 22/06/2010
Antes de cada partida da Copa, os primeiros a entrar em campo são os que carregam a bandeira do jogo limpo. Mas tal espírito esportivo, tão valorizado no Mundial, parece que ainda não foi incorporado pelo técnico Dunga. Depois dos destemperos do treinador durante e depois da vitória, psicanalistas avaliaram como o comportamento de Dunga pode prejudicar o trabalho dos jogadores dentro dele. Kaká, irritadiço e expulso no final da partida, foi um dos exemplos dessa nova cara da seleção.
– A tendência é de que o jogador se identifique com o técnico. A provocação e a catimba fazem parte do esporte. Se não houver tranquilidade, qualquer atitude será motivo para alteração — analisou Sérgio Nick, diretor da Federação Brasileira de Psicanálise (Febrapsi). — Dentro de campo, o atleta pode ver provocação onde não existe e ter um comportamento mais exaltado que provoque até uma expulsão.
A psicanalista Alice Bittencourt critica a falta de preparo:
– Ele (Dunga) se sente perseguido. As vitórias mostram que ele está no caminho certo. Portanto, ele precisa se acalmar. Quando ele aceitou o cargo, sabia o que ia enfrentar.
– Saber lidar com as críticas faz parte da preparação de um técnico — reforça a psicóloga Andreia Calçada. — Se o clima é esse quando o time ganha, se o Brasil perder, Dunga será massacrado. É hora de levantar a bandeira branca.
Para o psicanalista Chaim Katz, a reação de Dunga é consequência de seu autoritarismo:
– Ele quer mostrar quem manda de verdade. O que ele diz é certo e ninguém pode questionar. Mas esse comportamento não é exclusivo do técnico, existe em todos que têm poder. E os resultados positivos da seleção mostram que Dunga, de certa forma, está certo e dão mais força para ele manter esse comportamento.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.