Costa e a visibilidade política do crime organizado
O relator da Comissão de Ética do Senado, o petista de Pernambuco Humberto Costa, conversa com o ansioso blogueiro no Entrevista Record Atualidade, que vai ao ar nesta segunda feira, na Record News, às 22h15, logo após o programa do Heródoto Barbeiro.
Costa tem a responsabilidade de apurar se o senador Demóstenes Torres, o maior de todos os udenistas do PiG (*), merece uma punição do Senado.
Costa lembra que o julgamento no Senado é político.
Portanto, depende menos de provas que um julgamento na Justiça.
O que estará em jogo é se Demóstenes, o Guardião da Moral piguenta (*), quebrou o decoro, rompeu a probidade.
Mesmo assim, ele pediu ao Ministro Lewandowski, do Supremo, para ter acesso às provas que surgiram na Operação Monte Carlo, da Polícia Federal.
O processo corre em “segredo de Justiça”.
Embora advogados e procuradores vazem “provas” para o PiG mais do que se o segredo corresse em penico de asilo.
Vazam especialmente informações sobre a “Mãe do PAC”, a Delta – clique aqui para ler “Dilma entope a CPIdaG"
Mas, será possível, segundo Costa, ter acesso a escutas telefônicas, o que pode ser muito útil ao trabalho da Comissão.
Sobre a CPI da Veja, Humberto Costa sugere serenidade.
Ele próprio, Humberto Costa, lembrou que já foi vítima de uma cachoeira de vazamentos selecionados, alvo de uma furiosa ofensiva do PiG e, depois, se viu que ele era inocente.
Que os partidos políticos – e ele citou o seu, o PT, e o PSDB – evitem transformar a CPI numa batalha partidária: o que está em jogo é muito mais sério.
O que está em jogo, segundo ele, é uma questão de Estado: o crime organizado se infiltrou em todos os poderes da República, no Ministério Público, na Polícia, na imprensa e nas empresas.
E nos três níveis: federal, estadual e municipal.
Isso importa à República muito mais do que as divergências entre o PT e o PSDB.
Será preciso fazer uma investigação profunda e entender como foi possível Carlinhos Cachoeira ir tão longe.
O ansioso blogueiro lembrou que participou na semana passada de uma mesa de debates na Bienal do Livro, em Brasilia – clique aqui para ler “CPI da Veja vai acabar com o “espetáculo' da Globo” E lá conheceu o filosofo inglês John Gray.
No ano 2000, peguntaram a Gray qual seria o evento político determinante do início do século.
A visibilidade política do crime organizado – ele respondeu de pronto.
A máfia do Sul da Itália e o Governo Berlusconi.
O México, que perdeu a batalha contra o narco-tráfico e pode eleger presidente o candidato do PRI que, talvez, faça um acordo de não-agressão com os cartéis.
Na Rússia.
Na Inglaterra, contou Gray, os políticos se apavoraram com a visibilidade e a força dos criminosos e seu acesso à mídia.
Na Inglaterra.
E no Brasil ?, o ansioso blogueiro perguntou a Humberto Costa.
É a mesma coisa, ele disse.
Em tempo: talvez o Robert(o) Civita ainda não se tenha dado conta de quantos políticos querem ir à forra da Veja. (E da Globo.)
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.