Palocci não tinha desencarnado. Ele queria a Fazenda
Saiu no Valor, pág. A7:
“Ministro Palocci tentou influenciar a política econômica”
Segundo os repórteres João Villaverde e Sergio Lamucci, desde abril Tony começou a se meter na política econômica.
Segundo a Carta Capital, foi Palocci quem comandou a artilharia para derrubar Mantega da Fazenda, quando a inflação subiu e o PiG (*) anunciou a volta do dragão da hiper-inflação.
Comprova-se, assim, que Palocci queria mesmo era voltar à Fazenda.
Ele se tem na conta de fiador da ortodoxia econômica e, portanto, o homem de confiança dos bancos e dos empresários, no PT.
Foi o roteiro político que ele traçou no primeiro Governo Lula e tinha, como tinha agora no Governo Dilma, o objetivo de se credenciar para a Presidência.
Palocci, imagine amigo navegante, queria ser o Tony Blair de Ribeirão Preto.
O trabalhista que se tornou o quim-dim de Iaiá dos conservadores – e quebrou a Inglaterra.
Blair, hoje, por coincidência, é dono de próspera consultoria e membro do conselho de administração de centenas de empresas.
Blair vendeu o trabalhismo inglês à “racionalidade” neoliberal.
Exatamente como o Palocci, na Fazenda.
Ele queria na Casa Civil repetir a dose.
A Casa Civil era a trincheira de onde ia lançar morteiros contra o Mantega, até substituí-lo.
Na verdade, Palocci é um acidente geográfico, antes de ser ideológico.
Ideológico, porque se trata de mais um trotskista de São Paulo que abraça os conservadores com fé inquebrantável.
Geográfico, porque o universo intelectual do Palocci se fechou em Ribeirão.
O propalado trânsito de Palocci com o Grande Capital é um blefe.
Solta ele no Fasano, agora, demitido, para ver o que acontece.
Não servem nem água.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.