Guia para condenar Dirceu politicamente
Saiu no Estadão:
STF julga mensalão; 21º dia: Relator absolve somente Ayanna Tenório de lavagem de dinheiro
Na pág. A4 do Estadão, com o título “Barbosa vê 'ação de crime organizado' e condena 9 por lavagem de dinheiro”, também se lê (não consta da versão online):
Sobre dois encontros de Kátia Rabello, dona do Banco Rural, com José Dirceu, então Chefe da Casa Civil, uma vez no hotel Ouro Minas, em Belo Horizonte, e outra no Palácio do Planalto, o Ministro Barbosa “não os vê como um fato isolado”.
São, na verdade, “encontros ocorridos no mesmo contexto em que se verificaram as operações de lavagem de dinheiro levadas a efeito pelo grupo criminoso ...”
O Conversa Afiada acredita que o PiG quer condenar Dirceu para, em consequência, desmoralizar o Lula e, portanto, derrubar a Dilma, numa segunda fase.
O mensalão (do PT) é o Dirceu.
Logo, o Lula e a Dima.
Não é à toa que o Fernando Henrique, para destilar seu ressentimento contra o Lula (e, agora, contra Dilma), foi para a tevê exaltar o caráter do Cerra e condenar o Dirceu no mensalão – por que será que ele embarcou nessa furada ?
Para ajudar a prender o Dirceu, desmoralizar o Lula e derrubar a Dilma, o ansioso blogueiro se propõe a oferecer ao PiG (e à elite que nele se expressa) um “Guia para Condenar o Dirceu”:
– Ignore que, na Casa Civil, o Dirceu recebeu o Banco Rural e representantes de praticamente TODOS os bancos e grandes grupos empresariais.
– Como fazia o Pedro Parente no Governo Fernando Henrique, ou o Aloysio 300 mil, no Governo Cerra, em São Paulo.
– Ignore que agenda do Chefe da Casa Civil da Presidência é pública e as do Dirceu estão nos autos.
– Ignore que Marcos Valério foi à Casa Civil levado pela dona do Banco Rural. Dirceu não lhe deu audiência, mas a ela, que levou Valério.
– Ignore que a Katia Rabello não era sócia do Mercantil de Pernambuco, como diz o Estadão, mas tinha uma de um milhão e meio de pendencias que há contra o Mercantil, o Econômico e o Nacional, ainda não inteiramente solucionadas.
– Ignore que o tema das liquidações de bancos não é com a Casa Civil e que Dirceu encaminhou a demanda a outra seção do Governo.
– Ignore que Dirceu não se “reuniu” com Kátia e Marcos Valério no hotel Ouro Branco, em Belo Horizonte, mas os recebeu durante um almoço, sem que fizessem parte desse almoço.
– Ignore que não há nenhuma prova, nenhuma testemunha que diga que o Dirceu faz parte do “grupo criminoso”.
– Ignore que não há um único documento assinado pelo Dirceu que o incrimine.
– A mulher do Valério diz que o marido conversava com Dirceu, mas Valério nega – e isso está nos autos.
– Quem falou em mensalão e o associou ao Dirceu foi o co-réu Thomas Jefferson, que, agora, nega o mensalão, absolve Dirceu e diz que a culpa toda é do Lula.
– Ignore que, até agora, o Supremo não tratou da acusação central do “mensalão”: pagamento mensal, repetitivo, a parlamentares para votar nos projetos do Lula.
– Ignore que não há nenhum vínculo entre um “mensalão” a parlamentares e o José Dirceu.
– Assim como convém ignorar que o dinheiro da Visanet NÃO é dinheiro público.
– Ignore as provas.
– Deduza.
– Presuma.
– Aceite provas tênues.
– Ignore que a única reforma política que o Congresso analisa, no momento, é de autoria de um deputado do PT, Henrique Fontana.
– Ignore que Fontana propõe o financiamento público das campanhas, tese que já foi de Fernando Henrique, mas, que, hoje, o PSDB e o PMDB combatem.
O Conversa Afiada duvida que o Supremo – com ou sem Peluso – condene Dirceu.
Paulo Henrique Amorim