PT duvida que Aécio seja candidato
A TV Cultura de São Paulo é de uma fundação - Fundação Padre Anchieta -, que, segundo seu criador, Abreu Sodré, deveria ser independente do Governo Estadual e prestar um serviço educativo que ilustrasse todo paulista - governistas, oposicionistas, apolíticos ou transportistas em geral.
A TV Cultura resistiu a várias intempéries: Maluf, Quércia, Fleury.
O período em que gozou de mais independência política foi na gestão Mário Covas-Jorge Cunha Lima.
Pouco a pouco, os tucanos mais ortodoxos, Cerra e Alckmin, trataram de colocar a TV Cultura a serviço dos tucanos, de forma incondicional.
E, mais do que isso, trataram de esvaziá-la economicamente, já que o Cerra, por exemplo, não precisa da Cultura.
Tem a Globo à sua inteira disposição.
A Cultura tucana se tornou um arremedo de tevê pública.
Ela tem partido: o PSDB.
É o que mostra a sua mais exuberante vitrine, o programa que o Zé Simão apelidou de Roda Morta.
Hoje, o Roda Morta tem um problema na arcada dentária.
Que amarra a cara.
O trejeito se combina com a posição na cadeira que demonstra arrogância, hostilidade e a pretensão de âncoras globais diante de indefesos entrevistados.
As perguntas são mais longas que as respostas.
Não são perguntas: são editoriais, autos de acusação.
E tudo numa dicção de fazer da fonoaudiologia um simulacro de arqueologia.
No caso de o entrevistado ser tucano, tudo muda.
Com os tucanos, a Roda gira suave, musical, como a roda gigante de um parque de diversões.
Com os petistas, a roda se torna o pelotão de fuzilamento do último ato da Tosca.
Foi o caso do Roda Morta desta segunda-feira.
O presidente do PT foi fuzilado por entrevistados pigais, com a aparência de um falso fuzilamento.
Não era.
Era um fuzilamento de verdade.
Não se sabia de onde vinha a bala mais certeira.
Se da mesa da ancoragem ou da bancada de entrevistados.
Muitas perguntas não tinham a função de esclarecer o espectador, mas de ferrar o entrevistado.
Desde que Heródoto Barbeiro foi demitido da ancoragem pelo Cerra, porque teve a ousadia de perguntar sobre os pedágios, o ansioso blogueiro preferiu não se submeter a esse sofrimento.
Fez agora para concluir que o Rui Falcão permitiu-se uma proeza.
Tirou de letra.
Não agrediu nenhuma pergunta.
(Porque dá vontade ...)
E fez uma revelação que deve ter deixado a ancoragem feliz, com o júbilo acima da linha da água.
O PT considera - segundo Falcão - que o quadro sucessório ainda não está definido, já que o Cerra pode ser o candidato do PSDB.
Como se sabe, para jornalistas paulistas que o tratam de "Cerra", "Cerra é a elite da elite".
Falcão, presidente do PT, não tem certeza de que Aécio será o candidato.
O ansioso blogueiro também não.
Clique aqui para ler "Cerra vai Roseanar o Aécio ?".
Porque o Cerra tem mais grana e PiG (*) que o Aécio.
E, se deixasse solto, tinha fechado a TV Cultura.
Um desperdício de dinheiro.
Tinha vendido aquele terreno magnífico a uma construtora e, com o dinheiro, reforçava a verba publicitária da Sabesp.
Onde o âncora trabalharia de bom grado ...
Paulo Henrique Amorim
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.