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FHC no Primeiro Mundo: Yes, we care !

"O horário eleitoral da tv não tem a menor importancia." Estão verdes ...
publicado 27/07/2014
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Na mitologia da elite brasileira, há dois Deuses do Bem: o sacerdote e o feiticeiro.

Para o historialista - não é jornalista investigativo nem historiador sob investigaçao – Elio Gaspari, o dos múltiplos chapéus , a Democracia Brasileira é obra de dois Deuses do Bem: o sacerdote (General Geisel) e o feiticeiro (o general Golbery).

Ocupam também o Monte Olimpo da Elite paulistana, num espaço inferior, o Principe da Privataria, FHC, o Sacerdote; e o chefe do clã da Privataria Tucana, o Padim Pade Cerra, o Feiticeiro.

FHC é o Geisel, nessa fabulosa construção.

Aquele que constrói a base, finca as linhas mestras.

O Cerra é o Golbery, o hábil, a serpente, o que faz acontecer.

Acontece que um e outro, Sacerdote e Feiticeiro perderam a serventia.

Não sai mais nada da caixa de Pandora.

Nem esperança.

Mas, a elite insiste.

Não tem mais de onde tirar alento.

Serão dezesseis anos de menoridade.

Por isso, o Estadão, que diz o que quer sobre o Lula, mas não ousa falar mal dos bancos credores, dedicou uma página ao Principe da Privataria.

Os três entrevistadores foram atingidos, desde já, por um lapso inexplicável: falaram e falaram da bem-sucedida campanha do Aécio e se esqueceram de mencionar o impacto do aeroporto do Titio (Não percam o imperdível “o piloto sumiu !”)

FHC não tem mais o que declarar.

Mas, alguns trechos da entrevistam revelam a intensidade da irrelevância.

- Se você for a qualquer país pequeno europeu – Portugal, Dinamarca, Croácia, que seja, infinitamente menos crescidos que o Brasil em termos econômicos, mas a população se sente no Primeiro Mundo.

Há aí um pequeno problema.

Talvez o Principe da Privataria se refira ao “sentimento do Primeiro Mundo” do Andre Lara Resende, em sua quinta no Algarve.

Porque os portugueses, especialmente os depositantes no Banco Espirito Santo, têm outra percepção …

E a Croácia ?

Deve ser um colosso !

Será que lá na Croácia tem uma Avenue Foche ?

E que história é essa de “Primeiro Mundo” ?

Ele se refere à distribuição de renda dos Estados Unidos, ao desemprego maciço de jovens na Europa Meridional ?

“Primeiro Mundo” é de época – não se usa mais, desde o Governo Collor.

Se ainda fosse “padrão FIFA”, como diria a Sininho …

- … ”há um problema sério na gestão do Brasil: o resultado não chega na ponta. Os que estão no mundo oficial estão felizes, mas o cidadão não sente a diferença.”


Sem dúvida.

As mães que levam os filhos à escola por causa da Bolsa Família não sentem a menor diferença.

As mulheres que adquiriram moradia no Minha Casa Minha Vida não sentem a menor diferença.

Os jovens trabalhadores que estudam no Pronatec não sentem a menor diferença.

Além do mais, todos os que se beneficiam o regime atual de pleno emprego sentem muitas saudades do desemprego maciço do Governo do Principe !

- … “me perguntaram no PSDB qual seria um bom slogan para a campanha. Eu disse: em vez do que fez o Obama, com o 'Yes, we can', deveríamos ter o 'Yes, we care' – nós prestamos atenção a você, nós cuidamos”.


Taí, perfeito !

Yes, we care do Titio !

E do Papai !

Em matéria de slogan, não poderiam ser melhores: nós cuidamos, nós prestamos atenção a vocês.

Um jenio.

Nem o Duda Mendonça daria jeito nisso.

- Hoje, o programa eleitoral terá um peso menor do que no passado, por causa das mídias sociais.

Aqui, é preciso saber quem teve a ideia antes, se o Principe ou se o Ataulfo Merval (*).

É a última invenção tucana: tevê não tem a menor importância.

Dez minutos no horário nobre da Globo deveriam ser devolvidos intocados à Globo.

Não servem pra nada.

O que interessa são as redes sociais, dizem eles.

E ao Conversa Afiada só cabe dizer, sorry periferia.

Mas, como se sabe, diria o La Fontaine, é porque “estão verdes”...

A Dilma terá o dobro do tempo de tevê dos outros juntos.

E se o afilhado dele, o do aecioporto não deslanchou até agora, não vai ser no horário eleitoral que realizará a proeza antecipada pela notável Hosian Quenedy.

E muito menos vai deslanchar nas redes sociais, onde os aecioportos viraram febre.

Finalmente, com a autoridade moral de quem jamais conteve a inflação dentro da meta e a entregou com dois dígitos, depois uma armínica é (assim mesmo, revisor) taxa de juros de 45%, ele diz que “a carestia” é que vai decidir a eleição.

“Carestia” também é de época ...

Mas, como a inflação está em queda, dentro da meta e o emprego é uma beleza, bye, bye, Principe.

Volte ao Olimpo.

E reserve um assentamento para o Cerra, seu feiticeiro.

E quando ele chegar, pergunte, sem querer ofender: Cerra, de que você vive ?

Paulo Henrique Amorim


(*) Ataulfo de Paiva foi o mais medíocre – até certa altura – dos membros da Academia. A tal ponto que seu sucessor, o romancista José Lins do Rego quebrou a tradição e espinafrou o antecessor, no discurso de posse . Daí, Merval merecer aqui o epíteto honroso de “Ataulfo Merval de Paiva”, por seus notórios méritos jornalísticos,  estilísticos, e acadêmicos, em suma. Registre-se, em sua homenagem, que os filhos de Roberto Marinho perceberam isso e não o fizeram diretor de redação nem do Globo nem da TV Globo. Ofereceram-lhe à Academia.E ao Mino Carta, já que Merval é, provavelmente, o personagem principal de seu romance "O Brasil".