Caracas: Dilma apoia Argentina e condena Israel
A seguir, um resumo do discurso da Presidenta Dilma em Caracas, nessa terça-feira (29), na reunião do Mercosul, que o Padim Pade Cerra queria fechar (os Estados Unidos e o Arrocho Neves também):
Desde a assinatura do Tratado de Assunção, o comércio no interior do Mercosul cresceu mais de 11 vezes, mais que o dobro do comércio global. O comércio do Brasil com os sócios do bloco regional também cresceu muito mais do que com os nossos outros parceiros comerciais tradicionais. O Mercosul é, sem dúvida nenhuma, um espaço político, um espaço amplo, democrático e plural. Nele, dentro do Mercosul, convivem ideias, concepções, modelos e visões do mundo diferentes. Compartilhamos em comum a defesa de uma lógica de integração. Uma lógica que é economicamente consistente, que nós queremos que seja socialmente justa, uma ordem responsável, do ponto de vista do meio ambiente, politicamente plural e também acreditamos ser imprescindível, democraticamente transparente.
Mais do que um projeto de ordem exclusivamente econômica, o Mercosul é também uma iniciativa estratégica no mundo que cria e constitui órgãos de cooperação e integração regional. O Mercosul é um compromisso dos países deste continente com o desenvolvimento, um desenvolvimento que nós queremos que seja socialmente inclusivo, um desenvolvimento que leve os nossos povos e os nossos países para a prosperidade.
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Não podemos também negligenciar uma inserção de nossas economias no mundo global, porque o Mercosul não é um espaço econômico insignificante. Pelo contrário, tem o segundo maior território, a quarta maior população e a quinta maior economia do mundo. Possui as maiores reservas de água doce, um dos maiores potenciais energéticos e minerais, além de uma agricultura moderna e de alta produtividade. Também temos uma indústria que, se não é inteiramente completa, é extremamente significativa. Temos credenciais para projetar-nos internacionalmente, dialogando, interagindo em conjunto com outros parceiros. A ampliação do Mercosul, com a adesão da Bolívia, é um passo importantíssimo nessa direção. O Brasil aposta, e todos os demais parceiros do Mercosul apostamos, na ampliação das trocas econômicas e comerciais. E aí, é muito importante a economia boliviana e as demais economias dos países da América do Sul.
Devemos buscar a implementação da desgravação tarifária, o que vai permitir que nós criemos uma zona de livre comércio sul-americana. Valorizamos igualmente a ampliação das relações do Mercosul com os nossos irmãos do Caribe e da Centro-América. Graças ao trabalho da presidência venezuelana, celebramos hoje a criação de um espaço de diálogo e cooperação com esses países. Os encontros, por outro lado, ocorridos em julho entre países da América do Sul e do Brics e com a República Popular da China mostram que novas oportunidades estão a nosso alcance, na relação com outros grandes países emergentes. No caso da negociação do acordo de associação entre o Mercosul e a União Européia, nosso Bloco já concluiu oferta compatível com os compromissos assumidos nas negociações de 2010. Esperamos agora que o lado europeu consolide a sua oferta. Essa negociação só poderá prosperar com um intercâmbio simultâneo de ofertas e um equilíbrio entre os que demandam, entre o que demandamos, o que demandam eles, o que oferecemos e o que oferecem eles.
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Como já tive ocasião de reiterar em diferentes ocasiões, também somos integralmente solidários com a Argentina, que enfrenta hoje um desafio considerável no processo de reestruturação de sua dívida soberana. Essa solidariedade do Brasil, ela não é retórica, o Brasil apresentou-se como amicus curiae quando do exame, pela Suprema Corte dos Estados Unidos, dessa questão. Tratamos igualmente do tema na recente reunião em Brasília, entre os líderes do Brics e da América do Sul e me propus, juntamente com a presidenta Cristina, a levá-lo a próxima reunião do G20 na Austrália.
O problema que atinge hoje a Argentina é uma ameaça não só a um país irmão, atinge a todo o sistema financeiro internacional. Não podemos aceitar que a ação de alguns poucos especuladores coloquem em risco a estabilidade e o bem-estar de países inteiros. Precisamos de regras claras e de um sistema que permita foros imparciais, permita previsibilidade e, portanto, justiça no processo de reestruturação de dívidas soberanas.
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Nosso compromisso com a estabilidade e a paz se estende a todos os quadrantes do mundo. Não podemos aceitar impassíveis a escalada de violência entre Israel e Palestina. Desde o princípio, o Brasil condenou o lançamento de foguetes e morteiros contra Israel e reconheceu o direito israelense de se defender. No entanto, é necessário ressaltar nossa mais veemente condenação ao uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças.
O governo brasileiro reitera seu chamado a um cessar-fogo imediato, abrangente e permanente entre as partes. O Brasil, em todos os fóruns, em todas as aberturas da Assembleia-Geral da ONU, que nós temos o privilégio de dar início, manifestou que a construção da paz naquela região do mundo passa pela construção de dois Estados, passa pela construção de um Estado de Israel já operante, já construído e já sólido, e por um Estado Palestino, por quê? Porque consideramos que para a estabilidade da região e até para a segurança de Israel, a existência dos dois Estados é precondição. Acreditamos que o conflito israelo-palestino é um conflito que tem um potencial de desestabilizar toda aquela região. Por isso, reiteramos essa questão do cessar-fogo imediato, abrangente e permanente.
No Mau Dia Brasil, a Urubologa disse que o apoio do Mercosul à Argentina não serve pra nada.
O que não serve pra nada é o Mau Dia …
Paulo Henrique Amorim
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