Amorim e o rompimento com o Estado Palestino
Por que mudar o que a diplomacia desde Geisel fixou?
publicado
12/06/2016
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Diante da estarrecedora decisão do Governo golpista de rever a posição da diplomacia brasileira diante da criação de um Estado Palestino, o Conversa Afiada recolheu serena posição do grande chanceler Celso Amorim:
Acabo de chegar de viagem e tomei conhecimento da nota (ou explicação de voto) por terceiros. Mas entendi que se trata do anúncio de "intenção" de mudança na nossa postura. Esta tem sido de firme defesa do direito do povo palestino a ter um Estado próprio, ao mesmo tempo que reconhecemos o direito de Israel à existência. Essa posição afirmada de forma equilibrada, mas também desassombrada, fez com que o Brasil fosse um dos poucos países em desenvolvimento (não islâmicos) a ser convidado para a conferência de Annapolis (EUA), que buscou impulsionar o processo de Paz. Com a inflexão à direita do governo israelense e a continuidade dos assentamentos nos territórios palestinos ocupados, o Brasil decidiu, em 2010, reconhecer o Estado palestino, atitude que foi replicada por vários países latino-americanos e é hoje compartilhada pela ONU e pela Santa Sé. Caso esse anúncio se traduza realmente em posições oficiais seria um inexplicável retrocesso em relação a uma postura que o Brasil vem mantendo, com a evolução ditada pelos fatos no terreno, desde, pelo menos, o governo Geisel. Ela só beneficiaria os setores extremados em Israel e tornaria mais distante a perspectiva de Paz entre Árabes e Judeus.
Abraço
Celso
Abraço
Celso