Até o FHC percebeu: o PMDB fede!
E tem o Quadrilha e aquele que não pode ficar perto de um cofre...
publicado
15/05/2016
Comments
Em o Globo, o Farol dos Piratas .................................
SÃO PAULO - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso diz ter ficado incomodado com a pressão feita pelo PMDB para ocupar cargos em seu governo. A revelação foi feita em "Diários da Presidência - volume 2", diário que FH manteve no período em que governou o Brasil entre 1997 e 1998.
Em anotação feita em 29 de abril de 1997, o tucano conta que a pressão veio de Geddel Vieira Lima, então líder do PMDB na Câmara e atual ministro da secretaria de governo de Michel Temer. FH conta que Geddel ameaçou negar apoio no Congresso caso o então deputado, Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil, não fosse indicado ao ministério.
"Eu já tinha decidido que não vou nomear Eliseu Padilha nenhum, porque esta pressão está cheirando mal. Até tenho simpatia pelo Eliseu, mas do jeito que as coisas estão se colocando, isso está mal", escreveu o ex-presidente.
O aviso, relata FH, teria sido dado ao então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, em uma festa que aconteceu na casa de Michel Temer, então deputado, e atual presidente interino. Padilha foi empossado como ministro dos Transportes pouco menos de um mês depois do registro, em maio de 1997, permanecendo no cargo até 2001.
Não foi apenas em relação a cargos no Executivo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sofreu pressão do PMDB. A votação da emenda da reeleição na Comissão Especial foi precedida de uma série de artimanhas do PMDB para condicionar a votação à eleição das Mesas da Câmara e do Senado. O compromisso do PSDB era apoiar o PFL ao Senado e Michel Temer como presidente da Câmara.
No livro, Fernando Henrique afirma que Temer estava vacilante, querendo fazer primeiro a eleição da Mesa da Câmara. Outro peemedebista, o senador Iris Rezende, pretendia a presidência do Senado.
"Eu disse que não queria condicionamento da emenda de reeleição com essa chantagem de me obrigar a colocar o Iris (Rezende) como presidente do Senado, coisa aliás, que eu não acharia ruim se fosse por conta própria, mas não por força minha, porque eu teria que ter distratado o compromisso que o PSDB esta sustentando, que é o PFL no Senado e PMDB na Câmara e apoio ao Temer”.
Fernando Henrique diz que se sentiu traído pelo PMDB com a aprovação de uma moção condicionando a eleição das meses à reeleição ou vice-versa. Na mesma noite, se reuniu com representantes do PMDB, entre eles Temer, Moreira Franco e Geddel Vieira Lima. Foi então que o então presidente deu o recado:
"Que o PMDB tomasse uma decisão: estava com o governo ou contra o governo? Se estava com o governo, que apoiasse. Se estava contra, que ficasse na oposição e perdesse os cargos que tinha. Não por causa da reeleição, eu disse, mas por causa da tentativa de me coagir a só votar (a emenda da reeleição) depois da votação da mesa".
Na avaliação do então presidente, o PMDB disputava não apenas espaço com o PFL, mas também havia concorrência entre o PMDB da Câmara e do Senado.
"Além de o PMDB ser um partido realmente hamletiano. Desde o tempo do Sarney, não sabe se está no governo ou na oposição e continua com o mesmo jogo.
É o maior partido e não é partido. Esse o problema que estamos enfrentando", escreveu o presidente, que chegou a pensar na opção de plebiscito, mesmo abrindo espaço para a oposição.
Na comissão especial, o PMDB acabou votando a favor e a emenda passou por 19 a 11 votos graças à posição favorável do partido. Mesmo depois, relata, continuou o que chama de "costuras infinitas" sobre o que fazer com o partido.
"E o que é mais incrível, essas costuras infinitas sobre o que fazer com PMDB continuaram o dia inteiro. Quantos votos tem, não tem, esse lero-lero cansativo. Por trás disso está a crise real. È que o PMDB percebeu que com a reeleição, eles não tendo a Câmara e o Senado, não vão é ter nada.
Fernando Henrique acreditava, naquela época, que o PMDB havia saído da História por não ter conseguido se reciclar. Para ele, o PMDB relutava em aceitar o novo jogo da globalização, colocar o Brasil à altura dela e melhorar a vida do povo "ou ficar choramingando que precisamos de uma economia mais autárquica, um Estado mais forte, sem saber bem o que é isso. No fundo , é um estado burocrático, meio corrupto, que faz concessões populistas e tem empresas estatais pouco eficientes".
"Esse é o drama do PMDB", afirmou.
Fernando Henrique escreveu que o PMDB era uma "confederação", com cada parlamentar pensando nos seus interesses particulares e tendo como chefe, simbolicamente, o ex-presidente José Sarney.
"Não há mais lugar para esse tipo de político", escreveu.
Em anotação feita em 29 de abril de 1997, o tucano conta que a pressão veio de Geddel Vieira Lima, então líder do PMDB na Câmara e atual ministro da secretaria de governo de Michel Temer. FH conta que Geddel ameaçou negar apoio no Congresso caso o então deputado, Eliseu Padilha, hoje ministro da Casa Civil, não fosse indicado ao ministério.
"Eu já tinha decidido que não vou nomear Eliseu Padilha nenhum, porque esta pressão está cheirando mal. Até tenho simpatia pelo Eliseu, mas do jeito que as coisas estão se colocando, isso está mal", escreveu o ex-presidente.
O aviso, relata FH, teria sido dado ao então ministro das Comunicações, Sérgio Motta, em uma festa que aconteceu na casa de Michel Temer, então deputado, e atual presidente interino. Padilha foi empossado como ministro dos Transportes pouco menos de um mês depois do registro, em maio de 1997, permanecendo no cargo até 2001.
Não foi apenas em relação a cargos no Executivo que o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso sofreu pressão do PMDB. A votação da emenda da reeleição na Comissão Especial foi precedida de uma série de artimanhas do PMDB para condicionar a votação à eleição das Mesas da Câmara e do Senado. O compromisso do PSDB era apoiar o PFL ao Senado e Michel Temer como presidente da Câmara.
No livro, Fernando Henrique afirma que Temer estava vacilante, querendo fazer primeiro a eleição da Mesa da Câmara. Outro peemedebista, o senador Iris Rezende, pretendia a presidência do Senado.
"Eu disse que não queria condicionamento da emenda de reeleição com essa chantagem de me obrigar a colocar o Iris (Rezende) como presidente do Senado, coisa aliás, que eu não acharia ruim se fosse por conta própria, mas não por força minha, porque eu teria que ter distratado o compromisso que o PSDB esta sustentando, que é o PFL no Senado e PMDB na Câmara e apoio ao Temer”.
Fernando Henrique diz que se sentiu traído pelo PMDB com a aprovação de uma moção condicionando a eleição das meses à reeleição ou vice-versa. Na mesma noite, se reuniu com representantes do PMDB, entre eles Temer, Moreira Franco e Geddel Vieira Lima. Foi então que o então presidente deu o recado:
"Que o PMDB tomasse uma decisão: estava com o governo ou contra o governo? Se estava com o governo, que apoiasse. Se estava contra, que ficasse na oposição e perdesse os cargos que tinha. Não por causa da reeleição, eu disse, mas por causa da tentativa de me coagir a só votar (a emenda da reeleição) depois da votação da mesa".
Na avaliação do então presidente, o PMDB disputava não apenas espaço com o PFL, mas também havia concorrência entre o PMDB da Câmara e do Senado.
"Além de o PMDB ser um partido realmente hamletiano. Desde o tempo do Sarney, não sabe se está no governo ou na oposição e continua com o mesmo jogo.
É o maior partido e não é partido. Esse o problema que estamos enfrentando", escreveu o presidente, que chegou a pensar na opção de plebiscito, mesmo abrindo espaço para a oposição.
Na comissão especial, o PMDB acabou votando a favor e a emenda passou por 19 a 11 votos graças à posição favorável do partido. Mesmo depois, relata, continuou o que chama de "costuras infinitas" sobre o que fazer com o partido.
"E o que é mais incrível, essas costuras infinitas sobre o que fazer com PMDB continuaram o dia inteiro. Quantos votos tem, não tem, esse lero-lero cansativo. Por trás disso está a crise real. È que o PMDB percebeu que com a reeleição, eles não tendo a Câmara e o Senado, não vão é ter nada.
Fernando Henrique acreditava, naquela época, que o PMDB havia saído da História por não ter conseguido se reciclar. Para ele, o PMDB relutava em aceitar o novo jogo da globalização, colocar o Brasil à altura dela e melhorar a vida do povo "ou ficar choramingando que precisamos de uma economia mais autárquica, um Estado mais forte, sem saber bem o que é isso. No fundo , é um estado burocrático, meio corrupto, que faz concessões populistas e tem empresas estatais pouco eficientes".
"Esse é o drama do PMDB", afirmou.
Fernando Henrique escreveu que o PMDB era uma "confederação", com cada parlamentar pensando nos seus interesses particulares e tendo como chefe, simbolicamente, o ex-presidente José Sarney.
"Não há mais lugar para esse tipo de político", escreveu.