Beltrame: depois da UPP tem que vir o equipamento social
O programa Entrevista Record Atualidade, exibido nesta quarta-feira, na RecordNews, mostrou importante depoimento do Secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame.
Ele acaba de ocupar as favelas de Manguinhos e Jacarezinho, na Zona Norte do Rio, sem dar um tiro.
O que, para ele, é o objetivo de uma ocupação: não arriscar a vida de um só morador.
Se o traficante fugir, "depois a gente pega ele". Se é que não pegou antes.
A ocupação vai permitir a instalação de uma UPP, unidade policial pacificadora.
Desde 2008, o Rio já instalou 28 UPPs e deve chegar a 43 até 2014.
Beltrame enfatiza que tem o total apoio do Governador Sergio Cabral, que, segundo ele, fez uma opção pela segurança.
Sem a segurança, não há progresso.
E cita Tony Blair: a segurança é o primeiro dos direitos.
Beltrame gostaria de ver mais rapidez na instalação de equipamentos sociais nas favelas ocupadas: saúde, educação, lazer, áreas de convivência.
Tinha que haver um "tsunami" de obras e providências, diz ele, para o cidadão ver que agora há dignidade.
Segurança é assim: quanto mais dignidade você ao cidadão, menos criminalidade.
Já é possível relacionar a instalação de UPP com à redução da criminalidade no Rio.
O número de homícidios por mil habitantes caiu de 40 para 20.
Mas, Beltrame não se ilude.
Não dá para acabar com o tráfico, porque onde há renda há tráfico.
Assim como não foi possível acabar ainda com os milicianos.
Embora muitos deles, como os chefões do jogo do bicho, estejam presos.
Antes se dizia que a Polícia chuta o caixote do bicheiro, mas não mostra dinheiro nem o chefão.
Agora mudou.
Beltrame contratou 7 mil novos policiais - é o contingente que trabalha nas UPPs.
Policiais novos, que se submeteram na Academia de Polícia a um currículo dirigido aos Direitos Humanos - a Polícia tem que ajudar a sociedade.
A Polícia do Brasil começou com d João VI: para proteger o rei e não a sociedade.
Essa política de UPPs não é exportável, diz Beltrame.
Cada cidade é uma geografia, tem sua especificidade.
Embora ele ache que em muitas cidades do Brasil a questão da criminalidade não é um caso de polícia, mas de escassez de políticas sociais.
Ele descreveu os novos sistemas de Inteligência que orientam as ações da Polícia nas ocupações.
O importante de uma ocupação é retomar um pedaço do território para o Estado, libertar a população do déspota, do tirano.
Ele se comprometeu com o ansioso blogueiro a tomar uma cerveja na antiga Faixa de Gaza, em Manguinhos.
E comer um churrasco, de preferência feito na comunidade.
As UPPs devolveram ao cidadão algo precioso, ele diz: a esperança.
Paulo Henrique Amorim