Para Araújo, meio ambiente é coisa de esquerda!
O ministro Araújo durante palestra na Heritage Foundation (Reprodução)
Ernesto Araújo, ministro das Relações Exteriores de Jair Bolsonaro, é um personagem peculiar.
Ele já defendeu uma aliança do bolsonarismo com a extrema-direita europeia, quis trocar a base de Alcântara por velhos tanques americanos e comparou o Jair Messias a Jesus Cristo.
Ele também acredita que a crise ambiental no Brasil, provocada pelo aumento das queimadas e da devastação na Amazônia, é uma "mentira da esquerda".
Ontem (quarta-feira, 11/IX), o chanceler Araújo defendeu essa linha de raciocínio em palestra em Washington, capital dos EUA, com a criação de um novo termo: o "climatismo"!
O tal "climatismo" seria a ideologia que causou, segundo ele, a "reação mundial exacerbada" sobre as queimadas na Amazônia...
O seminário foi na Fundação Heritage, um think tank conservador que apoia o governo de Donald Trump.
"O Brasil voltou. O Brasil voltou para onde nunca esteve. Mas onde nós pertencemos. E talvez ao lugar ao qual todas as nações pertencem. De volta ao centro do combate", disse o mui enigmático Araújo.
Em seguida, o ministro bolsonário usou boa parte dos 38 minutos de seu discurso para falar sobre a ameaça do "climatismo" à soberania brasileira e questionar a existência do aquecimento global.
Segundo a CNN, o ministro acusou ativistas de desejarem "invadir o Brasil" sob a bandeira do "climatismo"...
"Hoje, por causa da maneira como eles usam o 'climatismo' como principal instrumento de luta, a Amazônia é marco zero no combate ao globalismo. (...) De novo, por causa de ideologia, dessa reclamação de crise climática", afirmou.
O chanceler também aproveitou para atacar filósofos e figuras históricas identificadas com a esquerda, como Michel Foucault, Antonio Gramsci, Bertolt Brecht, Rosa Luxemburgo, Jacques Lacan, Herbert Marcuse e György Lukács.
Ou seja: meio ambiente é coisa de comunista...
Araújo também criticou o que chama "globalismo" - termo utilizado pelos populistas de extrema-direita na Europa e nos EUA para atacar avanços sociais e políticas de cooperação internacional.
Para o ministro, lutar contra o "globalismo" é lutar em defesa da "civilização". E, segundo ele, a "civilização" seria como um "satélite que nos ajuda a encontrar um caminho".
"Um GPS intelectual", afirmou...
Em tempo: em julho, (após provável recomendação de Araújo), diplomatas brasileiros participaram de um encontro de negacionistas do aquecimento global em Washington...
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