Boff: Lula pode reconstruir o que Bolsonaro destruiu!
Boff e Lula durante a campanha presidencial de 1994 (Reprodução: Tierras de América)
O teólogo, escritor e filósofo Leonardo Boff, um dos principais expoentes da Teologia da Libertação no Brasil, concedeu entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Jô Miyagui, na Rádio Brasil Atual, nesta segunda-feira, 30/IX.
A entrevista aconteceu horas antes do presidente Lula anunciar que não concorda com a progressão de sua pena para o regime semiaberto - ou, como disse em carta divulgada no fim da tarde de ontem, não aceitará "trocar dignidade por liberdade".
Boff acredita que Lula avaliou corretamente a situação: "essa é uma armadilha armada por Dallagnol e pelos promotores contra Lula. Essa progressão só vale para presos que cometeram crimes. E Lula alega que não cometeu crime, que é inocente. A punição seria por ter cometido 'ato indeterminado'. Isso não existe em código penal algum, nem naquele de Hamurabbi, de três mil anos atrás!"
Ele continua:
"Se Lula aceita essa progressão, significa que ele aceita um crime. Então, ele não vai aceitar. Eles [os procuradores da Lava Jato] o fazem porque, se ele [Lula] aceitasse, ele teria confessado um crime. Daí, Lula, que se sente inocente, não aceita, pois isso é uma armadilha."
"Eles [os procuradores] suspeitam que o Supremo vai anular esse julgamento, e eles querem se antecipar para não passar vergonha, pois eles continuamente aplicaram o lawfare."
"Ele [Lula] deve esperar e exigir um julgamento correto!"
Leonardo Boff comentou, também, as consequências econômicas da Lava Jato:
"Prejudicaram a nação inteira. Levaram à falência muitas empresas. Poderiam ter prendido os donos da Odebrecht, OAS, mas preservado as empresas para preservar os empregos. Eles atacaram o país, quiseram afundar o país para colocar na presidência essa pessoa que está envergonhando a nós e ao mundo, totalmente inábil..."
(Sobre uma forma de combater a corrupção e os corruptos sem destruir a economia, assista a entrevista do advogado e escritor Walfrido Warde na TV Afiada!)
Boff continua:
"Lula é um espírito soberano. Ele diz que nunca sentiu raiva e ódio de Moro ou Dallagnol, pois não é de sua natureza. O que ele sente é indignação face uma injustiça."
O teólogo relembrou, também as visitas que realizou ao presidente Lula no cárcere em Curitiba: "eu, visitando ele duas vezes, sinto ele cheio de ânimo, com um sentido de missão. Somos amigos há quarenta anos. Eu escuto dele há muito tempo: 'eu sinto um chamado dentro do meu coração para ajudar a salvar os pobres do meu país. Quero viver oitenta, noventa, se possível cem anos para realizar essa missão'."
"Eu acho que ele poderá ajudar nosso país a se reconciliar, reestabelecer as pontes que foram destruídas por esse que está hoje, o ex-capitão que nos pôs contra o mundo e contra a natureza. Ele vai conseguir reestabelecer. Talvez não seja presidente - oxalá fosse - mas ele será uma figura importante para o povo se encontrar e suscitar a esperança."
Assista, abaixo, à íntegra da entrevista:
Reprodução
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