Bolsonaro detona filme que não viu e livro que não leu
(Reprodução/Redes Sociais)
Por Ricardo Kotscho, em seu Balaio do Kotscho - Entre outros problemas cognitivos, o capitão Jair Bolsonaro, nosso presidente da República, tem sérias dificuldades para lidar com a verdade factual.
Há uma incompatibilidade visceral entre a realidade e as fantasias do máximo mandatário.
De volta as férias, partiu com os dois pés para cima do documentário “Democracia em Vertigem”, de Petra Costa, que concorre ao Oscar, e do livro”Tormenta”, da jornalista Thaís Oyama, sobre o seu primeiro ano de governo.
Gosto não se discute, mas esse caso é mais grave porque ele confessou que não viu o filme nem leu o livro.
Aliás, o ex-militar não se dá bem com o cinema e a literatura, e com a cultura em geral, que ele abomina como coisa de comunistas.
Seu repertório nessa área deve se limitar a filmes de bangue-bangue e livrinhos de sacanagem, a julgar pelo seu palavreado chulo.
Para ele, que governa montado num esquema industrial de mentiras, é tudo ficção quando as verdades factuais não lhe agradam.
“O livro é fake news, mentiroso e não vou responder sobre o livro”, disse aos jornalistas no cercadinho do Alvorada.
“Vocês têm uma colega de vocês que fez um livro que leu meu pensamento. Acho que não tenho que conversar com vocês, é só escrever o que você achar”.
O mesmo ele falou sobre o filme que se orgulha de não ter visto, o único concorrente do cinema brasileiro ao Oscar.
Só um detalhe: o filme foi exibido pela multinacional Netflix e o livro editado pela Companha das Letras, a maior e mais competente editora brasileira.
No melhor estilo Trump, ele não entra em detalhes, não argumenta. Apenas detona, vira as costas, e vai embora fazendo cara de mau.
Ao ouvir o nome do desaparecido fantasma Queiroz, decretou: “Acabou a entrevista”.
Com a previdência em colapso, depois da reforma, Bolsonaro está preocupado é em fazer uma campanha pregando a abstinência sexual no Carnaval, uma obsessão da ministra-pastora Damares.
Não sei como ainda não proibiram a cerveja, o confete e a serpentina. Eles abominam a alegria, a música, a festa.
Estão sempre em guerra contra o mundo, em seu universo particular feito de confrontos, tristezas, destruição e mortes, num país que gostava de celebrar a vida.
Quando a coisa aperta, chamam os militares. Vão convocar 7 mil fardados de pijama para cuidar das filas do INSS, onde multidões de desesperados são tratados como gado.
É tudo tão louco que o governo vai gastar mais R$ 9,5 bilhões até o final do ano para “adaptar” o INSS à reforma, feita exatamente para combater o rombo fiscal e tornar mais difícil a vida dos aposentados.
Parece mesmo ficção, mas é tudo real.
Vida que segue.
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