Brumadinho: prenderam os mordomos
O Conversa Afiada publica artigo sereno (sempre!) de seu colUnista exclusivo Joaquim Xavier:
Desde 1942, quando foi criada, a Vale não registrava no prontuário nenhum evento das proporções de Mariana e Brumadinho. Até ser doada (privatizada é eufemismo) ao grande capital pelo então presidente Fernando Henrique Cardoso. Após a patranha, em três anos o Brasil entrou no índex dos grandes desastres ambientais do planeta. Quem achar isso coincidência acredita em tudo.
A maioria das recomendações posteriores à tragédia de Mariana jamais foram seguidas pela direção da Vale. A mais e lementar: não havia uma sirene, nem sequer aqueles sininhos que a Casa Grande se acostumou a usar para chamar mucamas na Senzala. Instalações administrativas foram construídas a poucos metros da barragem, transformando os funcionários em “cabras marcados para morrer”.
O cúmulo dos escândalos é o sistema de “fiscalização” imposto por inúmeros decretos que só servem para empregar escribas comissionados. As próprias empresas podem contratar quem vai fiscalizá-las. Providenciam a papelada, enchem de carimbos e conseguem selos de segurança. Sempre passam com louvor. Dispensa-se até uma averiguação “in loco”. Basta a palavra dos amanuenses.
Deu no que deu. Nada vai devolver às famílias atingidas por tamanha tragédia os mortos e os desaparecidos. Já disse e reitero: vidas n& atilde;o têm preço. Os trocados que a Vale oferece aos parentes das vítimas nunca vai substituir os corpos soterrados, responsáveis anônimos pelo crescimento e sucesso da mineradora.
Ah, mas agora o Brasil tem o Moro. Quais suas providências? As mesmas de sempre. Mandar prender gente de segundo escalão por 30 dias, certamente à espera de alguma delação premiada, especialidade deste juizeco criminoso de Curitiba. O alto comando da empresa respira alegremente. Fabio Schivartsman, o presidente, é indicado de Aécio Neves. Responde às perguntas com aquele ar de paisagem típico dos meliantes blindado por um laranjal de asseclas. Aprendeu com o chefe.
Não há solução possível para evitar novos desastres senão incriminar os verdadeiros responsáveis. Eles estão na cúpula. Gente que se apropria do suor do povo trabalhador que construiu empresas como Petrobras, Eletrobras, Odebrecht, OAS, Andrade Gutierrez. A receita de Sérgio Moro é destruir as empresas e deixar em paz os bacanas.
Quando o certo seria o inverso. Preservar as empresas, os empregos e toda a tecnologia que eles desenvolveram, e afastar os manda-chuvas de fato para quem vidas valem tanto quanto ações na bolsa. Alguém acredita que Bolsonaro, Moro e sua turma são capazes disso?
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