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Eduardo Bolsonaro não compreende John Rambo...

Ele quer que vítimas de violência policial se vinguem?
publicado 23/09/2019
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Rambo_1982.jpg

Stallone resistiu ao "excludente de ilicitude" no "Rambo" de 1982 (Reprodução/TriStar Pictures)

Neste domingo, 22/IX, horas após o enterro da menina Ágatha Felix no Rio de Janeiro, o embaixabúrguer Eduardo Bolsonaro, deputado federal pelo PSL-SP e filho 03 do Jair Messias foi ao cinema assistir Rambo V, o quinto (e, possivelmente, último) filme da franquia de Sylvester Stallone.

Com certeza ele não haveria de assistir Bacurau ou Legalidade.

O deputado descreveu Rambo V como uma obra sobre "um militar veterano de guerra que vinga a morte da sobrinha. Essa pegada família protagonizada por um militar realmente não deve agradar muita gente. Quem não curte pode ver Teletubbies, que é menos agressivo..."

Rambo V estreou nos EUA em 20/IX e, até o momento, recebeu avaliações majoritariamente negativas.

O site Rotten Tomatoes, um agregador de críticas de cinema, deu ao filme uma nota de 26% - a mais baixa entre todos os filmes da série. Segundo o portal, o filme apenas "alimenta a ânsia por violência e sangue" - nada muito além disso.

Mesmo assim, com tantas armas, tiro e sangue à vontade, é possível que Eduardo Bolsonaro não tenha entendido o filme.

Essa não é a opinião do Conversa Afiada - mas dos próprios internautas que comentaram o post no Twitter.

"Amigão, você quer que todos os parentes das crianças inocentes que foram mortas pelo Estado vinguem as suas mortes?", pergunta um leitor.

"Se cada criança morta pela Polícia fosse vingada, não teria mais Polícia no Rio", afirma outro.

Além disso, é provável que Eduardo Bolsonaro não compreenda a história do personagem John Rambo.

No primeiro filme - Rambo, de 1982 -, o soldado interpretado por Stallone é um veterano da Guerra do Vietnã. Ao visitar um velho companheiro de batalhão, ele descobre que o amigo morreu em decorrência da utilização de Agente Laranja - uma arma química empregada pelo exército norteamericano contra os vietcongues.

No caminho, Rambo é confundido com um morador de rua e torna-se vítima de violência policial: é preso e torturado pelo xerife da cidade. O incidente reacende as lembranças da violência da guerra e, fora de si, Rambo foge da delegacia. Ele é perseguido por policiais e militares até que, em lágrimas, se rende - não antes de contar sobre suas experiências traumáticas no Vietnã.

Um pouco diferente da narrativa gloriosa que o Eduardo 03 imagina...

Em tempo: fazer leitura superficial de cultura pop americana talvez seja um hábito de família: No dia 4/VII, Jair Bolsonaro participou da comemoração do Dia da Independência dos EUA, no consulado norteamericano em São Paulo, entrando na festa ao som de "Born in the USA". Ninguém avisou, entretanto, que a canção do Bruce Springsteen é uma crítica à guerra e ao nacionalismo norteamericano...

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