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Favelas do Rio: "parem de nos matar!"

Grupos organizam protestos contra os atos dos bolsonários
publicado 24/05/2019
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O Conversa Afiada reproduz do Expresso: 

Favelas do Rio de Janeiro contra violência policial


Sob o lema “Parem de nos matar!”, os moradores das favelas do Rio de Janeiro vão sair à rua no domingo em protesto contra a violência policial, que causa cerca de cinco mortes por dia desde o início do ano. Por coincidência, estão marcadas para o mesmo dia manifestações de apoio ao Presidente Jair Bolsonaro.

“Só nos primeiros quatro meses do ano morreram 558 pessoas em resultado da intervenção da polícia e do exército. Hoje, serão mais de 600 os mortos”, diz ao Expresso Bárbara Nascimento, do coletivo Favela no Feminino e porta-voz da manifestação convocada pelas lideranças das favelas Babilónia, Rocinha, Alemão, Presidência, Chapéu-Mangueira e Baixada Fluminense, entre mais de 40 movimentos sociais

A professora de Português e moradora no Vidigal, na zona sul do Rio, comenta assim os números divulgados esta terça-feira pelo Instituto de Segurança Pública, que dão conta de um aumento de 19% nas mortes em relação a igual período de 2018. Os dados representam o maior crescimento em 21 anos de estatísticas.

“Nas operações policiais morrem bandidos, mas há sobretudo vítimas inocentes. Independentemente do envolvimento da pessoa, não há pena de morte no Brasil. Não se pode matar”, salienta a ativista. “É muito grave que as operações policiais ocorram, sobretudo, em horário escolar, quando as crianças vão para a escola, à hora do almoço e ao fim do dia, quando saem das aulas”, diz.

A violência policial aumentou com a ocupação militar do Rio de Janeiro — ainda decidida pelo ex-Presidente Michel Temer — e agravou-se com a entrada em funções do governador Wilson Witzel, do Partido Social Cristão, que apoiou a eleição de Bolsonaro. “A política das polícias civil e militar já era de atirar primeiro e perguntar depois. A situação piorou com a carta branca para matar dada pelo Presidente Bolsonaro e pelo governador”, afirma André Constantine, do coletivo Favela Não Se Cala e também porta-voz da manifestação de domingo.

“O governador Witzel participou há duas semanas numa operação de helicóptero com os atiradores especiais da polícia civil [CORE]. Witzel foi filmado a instigar os snipers a atirar a eito sobre uma favela de Angra dos Reis”, acrescentou o também ex-presidente da associação de moradores do Morro da Babilónia. (...)