Guedes: "não se assustem se alguém pedir AI-5"
Vai fazer arminha também, Guedes? (Originais: Reprodução/Agência Brasil e Fábio Rodrigues Pozzebom/Agência Brasil)
Durante coletiva de imprensa na noite desta segunda-feira 25/XI em Washington, onde participa de um encontro do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), o ministro (sic) da Economia (sic) Paulo Guedes mostrou que, assim como o presidente Jair Bolsonaro, também vê com preocupação a onda de protestos populares na América do Sul.
Para o ministro (sic), caso o Brasil se torne palco de novas manifestações de massa, o grande culpado seria o presidente Lula.
No dia 9/XI, em seu discurso em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo - sua segunda aparição pública após deixar a prisão em Curitiba - Lula fez um apelo ao povo brasileiro: lutar contra os ataques do governo Bolsonaro.
"É uma questão de honra a gente recuperar esse país. A gente tem que seguir o exemplo do povo do Chile, do povo da Bolívia. A gente tem que resistir. Não é resistir. Na verdade, é lutar, é atacar e não apenas se defender", disse o presidente, em referência aos protestos no Chile no mês de outubro que quase levaram à renúncia do presidente neoliberal Sebastián Piñera, e também à resistência do povo boliviano contra o Golpe que derrubou Evo Morales.
Paulo Guedes, aparentemente, não engoliu o discurso de Lula.
E, tal qual a família Bolsonaro, enfiou um comentário sobre a ditadura militar em sua resposta:
"Sejam responsáveis, pratiquem a Democracia. Ou Democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática", disse o ministro.
Trata-se de uma referência à declaração feita pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, no plenário da Câmara no dia 29/X. Na ocasião, o deputado afirmou que, se acontecerem protestos de massa no Brasil, "a gente vai ver a história se repetir" - uma referência à repressão da polícia e das forças armadas durante a ditadura.
Dois dias depois, em 31/X, durante entrevista à jornalista Leda Nagle, Eduardo Bolsonaro repetiu a ameaça: disse que a resposta das forças de segurança "pode ser via um novo AI-5".
Em Washington, Paulo Guedes voltou a criticar as declarações de Lula: "Chamar o povo para rua é de uma irresponsabilidade. (...) Aí o filho do presidente fala em AI5, aí todo mundo assusta", afirmou o ministro. E continuou: "eu acho uma insanidade chamar o povo para rua para fazer bagunça. Acho uma insanidade".
Ao final da entrevista, entretanto, Guedes admitiu que os protestos na América Latina podem ser reações do povo contra as reformas neoliberais e as políticas de austeridade: "qualquer país democrático, quando vê o povo saindo para a rua, se pergunta se vale a pena fazer tantas reformas ao mesmo tempo", disse o ministro, em aparente referência à agenda de reformas do governo Bolsonaro.
Em tempo: a entrevista coletiva durou quase duas horas. Ao final do encontro, Paulo Guedes afirmou que aquelas declarações eram "em off" - termo jornalístico para designar conversas de bastidores, informações que não devem ser publicadas.
O ministro, aparentemente, se esqueceu que a coletiva estava marcada em sua própria agenda oficial - e também que agências de notícias e emissoras de TV faziam a transmissão ao vivo pela internet...
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