Nove jovens morrem pisoteados após ação da PM em São Paulo
Moradores de Paraisópolis realizaram uma passeata contra a violência policial na noite deste domingo (Reprodução: Twitter/Sâmia Bonfim)
Na madrugada de sábado 30/XI para domingo 1o/XII, nove pessoas morreram e ao menos vinte ficaram feridas após uma ação da Polícia Militar na favela de Paraisópolis, Zona Sul de São Paulo.
Segundo testemunhas, policiais realizavam uma ronda na região quando abordaram dois homens em uma motocicleta. A dupla disparou contra as viaturas e fugiu pelas ruas do bairro, onde ocorria um baile funk - um "pancadão" com cerca de cinco mil participantes.
Uma opção sensata seria abortar a operação - prezar pela segurança dos presentes.
Pelo contrário: os agentes do 16o batalhão da PM passaram a atacar todos os participantes da festa com extrema violência - com bombas de gás, spray de pimenta, golpes de cassetetes e (de acordo com testemunhas) tiros.
Vídeos divulgados pelas redes sociais mostram policiais despreparados acuando jovens indiscriminadamente nas vielas de Paraisópolis.
Agentes espancando adolescentes desarmados.
Policiais pisando na cabeça de jovens já rendidos.
Uma adolescente de 17 anos tentou resgatar uma amiga que estava sendo espancada por um PM. O policial atirou uma garrafa de vidro contra seu rosto. Ela teve que levar doze pontos na cabeça.
PM de São Paulo atirou garrafa de vidro contra o rosto de uma jovem de 17 anos (Reprodução/Arquivo Pessoal)
A confusão provocada pela Polícia Militar fez com que nove jovens morressem pisoteados!
Foram oito homens e uma mulher, entre 14 e 28 anos.
Paraisópolis é a segunda maior favela de São Paulo e a quinta maior do Brasil, com mais de 100 mil habitantes. Aproximadamente 30% da população é composta por jovens de 15 a 29 anos.
Como em qualquer periferia de São Paulo, existem poucas opções de lazer e cultura. Por isso, os "pancadões" atraem milhares de participantes de todos os cantos da região metropolitana.
O que se viu na madrugada de sábado para domingo foi mais um caso de violência policial contra a população pobre e negra das periferias: a PM nunca agiria desse jeito para "estourar" uma rave de jovens ricos, por exemplo.
Nunca usaria uma perseguição a suspeitos como motivo para espancar frequentadores de uma festinha em um bairro como Jardins ou Pinheiros.
Muito menos com a desculpa de combate às drogas, ou preservação do silêncio da vizinhança.
E qual foi a resposta do governador João Doria, o ex-prefake, ex-bolsodoria?
Em nota publicada em seu Twitter, Doria lamentou "profundamente as mortes ocorridas no baile funk em Paraisópolis".
O mesmo João Doria que, em outubro de 2018, disse em entrevista que policial deve atirar para matar: "ou se rendem ou vão para o chão", afirmou o governador à Rádio Bandeirantes.
É a versão paulista do "atirar na cabecinha" do governador Witzel, do Rio.
Coincidentemente, João Doria estava no Rio na manhã de domingo: enquanto familiares e amigos das vítimas ainda percorriam hospitais e o Instituto Médico Legal em busca de notícias, o governador participou da cerimônia de filiação de Gustavo Bebianno, ex-Secretário-Geral da presidência de Jair Bolsonaro, ao PSDB.
Prioridades...
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