Papa Francisco vai combater o "Pecado Ecológico"
O Papa Francisco na cerimônia de encerramento do Sínodo da Amazônia (Reprodução/Vatican Media)
Terminou neste sábado 26/X o Sínodo da Amazônia, um encontro promovido pela Igreja Católica para debater as questões ambientais e sociais da região da floresta.
O evento teve início em 6/X e reuniu bispos, padres, freiras, acadêmicos e membros de organizações internacionais representando os nove países da região amazônica.
As discussões do Sínodo aconteceram na Cidade do Vaticano, em Roma.
A distância não impediu, entretanto, que o governo Bolsonaro demonstrasse seu incômodo com o evento: no início do ano, o Gabinete de Segurança Institucional (GSI), sob comando do gal. Augusto Heleno, anunciou que a Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) iria monitorar os debates do Sínodo da Amazônia.
O Papa Francisco é o pontífice que mais deu atenção às causas ambientais - e à importância dessas pautas para as populações mais vulneráveis.
A encíclica Laudato Si', de 2015, por exemplo, responsabiliza os bilionários pela devastação do meio ambiente.
No mesmo ano, em encontro com movimentos sociais em Santa Cruz de la Sierra, na Bolívia, o Papa Francisco declarou que é preciso apoiar os mais pobres com os três "Ts": terra, trabalho e teto.
Mais recentemente, Francisco bateu de frente com o governo brasileiro e demonstrou sua preocupação com as queimadas na Amazônia: em 9/VIII, por exemplo, o Papa disse que matar a Amazônia é matar a humanidade.
Já em 3/X ele afirmou que as queimadas são um problema mundial.
No dia 6/X, durante a missa de abertura do Sínodo, Francisco orou e pediu a Deus que "nos preserve da ganância dos novos colonialismos", antes de criticar "o fogo ateado por interesses que destroem, como o que devastou recentemente a Amazônia".
Indígenas na Basílica de São Pedro, no Vaticano, durante a missa de encerramento do Sínodo da Amazônia (Reprodução/Vatican Media)
O documento final do encontro, publicado no sábado 26/X, denunciou as "ameaças à vida" na Amazônia e afirmou que a verdadeira defesa da floresta depende do combate ao "pecado ecológico":
"Propomos definir o pecado ecológico como uma ação ou omissão contra Deus, contra o próximo, a comunidade e o meio ambiente. É um pecado contra as gerações futuras e se manifesta em atos e hábitos de contaminação e destruição da harmonia do ambiente, transgressões contra os princípios da interdependência e a ruptura das redes de solidariedade entre criaturas e contra a virtude da justiça".
"Todos os participantes expressaram uma grande consciência da dramática situação de destruição que afeta a Amazônia. Isso significa o desaparecimento do território e dos seus habitantes, especialmente os povos indígenas", diz o documento. "A floresta amazônica é um ‘coração biológico’ para a Terra cada vez mais ameaçada. Ela está em uma corrida desenfreada rumo à morte. Requer mudanças radicais com grande urgência, uma nova direção que permita salvá-la. Está cientificamente comprovado que o desaparecimento do bioma da Amazônia terá um impacto catastrófico para todo o planeta.”
O texto também ataca a "apropriação e privatização dos bens da natureza", como a ação de madeireiros, a caça desenfreada, a contaminação causada pela indústria e as mudanças climáticas.
Leia o texto completo do documento final do Sínodo da Amazônia no site Vatican News.
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