Pimenta: Lava Jato aprendeu tortura psicológica com os EUA
Via PT na Câmara:
O líder do PT na Câmara, Paulo Pimenta (RS), reagiu duramente a mais uma denúncia publicada pelo The Intercept Brasil sobre os abusos da Operação Lava Jato. No twitter, ele afirmou que a reportagem publicada nesta quarta-feira (11) revela o “grau de perversidade (ou de perversão moral?!) da #LavaJato”. Para Pimenta, “violar a lei é pouco para essa turma. Eles são dispostos a qualquer coisa para conseguirem o que querem. Aliás, quem instruiu a #LavaJato a usar essa tática de ameaçar familiares de investigados foi o Departamento de Justiça dos Estados Unidos.”
O novo capítulo da Vaza Jato aponta que o Ministério Público Federal pediu duas vezes ao então juiz Sérgio Moro operações contra a filha do empresário luso-brasileiro Raul Schmidt como forma de forçá-lo a se entregar. Moro acabou concordando na segunda vez. De acordo com reportagem do Intercept Brasil, uma fonte anônima informou que o objetivo da Lava Jato era “criar um ‘elemento de pressão’, como disse o procurador Diogo Castor de Mattos, sobre o empresário”.
Princípios de torturadores
“O MPF apelou a Moro mirando na filha do investigado: queria que o passaporte de Nathalie Schmidt fosse cassado e que ela fosse proibida de sair do Brasil. O plano era forçá-lo a se entregar para evitar mais pressão sobre a filha”, destacaram os jornalistas Rafael Neves e Leandro Demori.
Pimenta observou essa prática já foi disseminada anteriormente pelos EUA, durante as ditaduras militares que governaram a região durante décadas. “Antes, a Escola das Américas treinava os torturadores. Agora, o DoJ treina procuradores e juízes para fazer o papel sujo na América Latina. Tais métodos são típicos de quem não respeita a Constituição e o Código Penal, de gente que é guiada pelos mesmos princípios dos torturadores de ditaduras militares”, comentou Pimenta pelo microblog.
Criança de sete anos
O líder do PT assinalou que “a #LavaJato atua não só à margem da lei, mas também ignora os códigos morais que distinguem a humanidade”. Pimenta frisou que o filho de Nathalie Schmidt tinha sete anos de idade quando a ação na casa dela foi realizada – “na verdade foi uma ação explícita de coação, já que mesmo Sérgio Moro tinha dúvidas se havia justificativa suficiente para isso, como mostram os diálogos da #VazaJato revelados hoje”.
Para a presidenta Nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), o nome da prática é “tortura”, já que sem indício de que a filha sabia sobre o caso, “o elemento de pressão” foi acionado. “Como foi dito ontem a Lava Jato denunciaria a Lava Jato”, escreveu ela.
Jorge Solla (PT-BA) afirmou, também pelo twitter: “Assim que ditaduras fazem para que presos delatem: atingem a família, inocentes, impõem sofrimento a filhos. Na ditadura militar torturavam crianças. A Lava-Jato mandou perseguir filhos. Para salvar a família, fala-se o que for preciso, verdade ou mentira”.
(...) Na operação contra Nathalie, três agentes da Polícia Federal portando metralhadora ingressaram em sua residência de forma truculenta, exigindo, aos berros, que ela revelasse o atual paradeiro do seu genitor, sob ameaça de ‘evitar dor de cabeça para seu filho’”
Em 3 de fevereiro de 2018, Raul foi preso em Portugal. Em 5 de fevereiro, “o magistrado não viu ‘causa suficiente’ para a ação mais drástica pedida pelo MPF contra Nathalie — proibi-la de deixar o País”, diz a matéria. Mas em maio, apenas três meses depois, após novo fracasso em buscas por Schmidt em Portugal, a Lava Jato reapresentou seu pedido a Moro. Dessa vez, sem que houvesse qualquer suspeita adicional contra ela, o então juiz e agora ministro mudou de ideia e deu sinal verde ao desejo da Lava Jato, que incluía uma varredura na casa, nas comunicações e nas contas de Nathalie.
“No dia seguinte, os policiais cumpriram o mandado de busca e apreensão na casa da filha do investigado, no Rio de Janeiro. A defesa alegou que ela foi coagida pela Polícia Federal, na ocasião, a dizer onde o pai estava. O plano, no entanto, não teve tempo de ser testado. No mesmo dia, Raul Schmidt conseguiu extinguir seu processo de extradição em Portugal. A Lava Jato tenta até hoje trazê-lo ao Brasil”, relata o Intercept.
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