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Policiais à paisana monitoraram Greenwald na ABI

Lúcio de Castro: agentes pertencem à "P2", o setor de inteligência da PM...
publicado 01/08/2019
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Ato em solidariedade a Glenn Greenwald no auditório da ABI, 30/VII (Créditos/Mídia Ninja)

Por Lúcio de Castro, da Agência Sportlight de Jornalismo Investigativo:

Polícia Reservada da PM-RJ monitorou Glenn Greenwald em evento da ABI e na saída do jornalista


A Polícia Reservada, popularmente conhecida como “P2”, da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, acompanhou e monitorou o jornalista Glenn Greenwald no ato realizado ontem, na sede da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Centro do Rio de Janeiro.

Quatro agentes à paisana da Polícia Militar do estado, governado por Wilson Witzel, aliado de Jair Bolsonaro, permaneceram ao longo do evento na parte externa. A reportagem não tem a confirmação de presença de agentes no interior do auditório onde ocorreu a cerimônia que contou com a presença de representantes de diversos setores da sociedade civil.

Ás 22h01, Glenn Greenwald, desceu o elevador da instituição e dirigiu-se para a garagem da ABI, onde o marido, o deputado federal David Miranda e os dois filhos do casal já aguardavam, depois de também participarem do ato. Em seguida, às 22h04, acompanhado de seguranças e seguido por um outro carro também com seguranças, o jornalista deixou o prédio.

Os agentes acompanharam e monitoram a saída do jornalista e ato contínuo dirigiram-se ao carro, um Fiat sem identificação da Polícia Militar (...) O carro estava estacionado do lado direito da quadra seguinte, na rua Araújo Porto Alegre esquina com Avenida Rio Branco e partiu com os quatro agentes após a passagem de Glenn Greenwald.

Foi possível pela reportagem comprovar que o carro sem identificação da Polícia Militar é da frota da instituição porque documentos públicos mostram que o Fiat pertenceu ao Ministério Público Federal do Rio de Janeiro (MPF-RJ) desde 2011, tendo sido doado para a Polícia Militar no ano passado, 2018, como consta em relatório público da Procuradoria Regional da República da 2ª Região.

A participação de policiais militares em atividades de investigação, reunidos na chamada “Polícia Reservada” ou popularmente conhecida como “P2”, é objeto de controvérsia jurídica e questionamento sobre as atribuições constitucionais. (...) Mesmo com as atribuições claramente delimitadas na carta de 1988 como polícia ostensiva, a Polícia Militar (em todos os estados) criou setores de inteligência, e esses setores, de uma polícia que deveria ser apenas a polícia ostensiva, muitas vezes atua na investigação, papel reservado constitucionalmente para a Polícia Civil.

Assim, os chamados “P2” são exatamente policiais militares realizando atividades de inteligência (...)

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