Os blogueiros no Golpe de 2016
A jornalista do Conversa Afiada Geórgia Pinheiro entrevistou o jornalista Antonio Nelson, autor do livro "A batalha dos blogueiros no processo de impeachment da Presidente Dilma Rousseff", que ele lança de modo independente. Você pode ler a íntegra da entrevista abaixo (no final do post, ela estará disponível também em áudio):
Geórgia Pinheiro: Por que você escreveu esse livro?
Antonio Nelson: Eu escrevi por conta de perceber, com antecedência, quando os blogueiros já estavam sinalizando a possibilidade do Golpe de 2016. Quando Paulo Henrique Amorim, Luis Nassif, Luiz Carlos Azenha, Paulo Moreira Leite e Renato Rovai já tinham percebido que havia a possibilidade de um Golpe no Brasil, na Democracia, no povo brasileiro.
G.P.: E como você percebeu isso? Como você decidiu acompanhar o trabalho dos blogueiros que você acabou de citar, inclusive o Paulo Henrique Amorim, no Conversa Afiada? Nesse processo, especificamente do Golpe de 2016, como foi que você percebeu qual era a importância desses jornalistas e blogueiros naquele momento?
A.N.: Eu tenho esses jornalistas, especialmente o Paulo Henrique Amorim como uma referência, um ícone. Eu descobri o Jornalismo desde adolescente, através do Observatório da Imprensa, e desde jovem o meu pai já tinha apresentado o Paulo Henrique. E eu já era leitor e assistia ao Paulo Henrique, e os outros blogueiros eu acompanhava desde há muito tempo. Porque era necessário eu lia o PiG, mas lia o contraponto desses blogueiros. A atividade que esses blogueiros realizam no Brasil é importante para a memória social do Jornalismo no País. Então, esses blogueiros servem como ícones e são referências para o Jornalismo, a Democracia e a construção de um País melhor.
G.P.: E você acha que no processo de impeachment da Presidenta Dilma, se não fosse o papel do Nassif, do jornalista Paulo Henrique Amorim, do Luiz Carlos Azenha, do Rovai, do Paulo Moreira Leite... você acha que essa cobertura, a forma como tudo foi mostrado pela imprensa tradicional, eles foram fundamentais na tentativa de querer mostrar o que acontecia no País naquele momento e o que estava por trás do impeachment?
A.N.: Com certeza! Paulo Henrique, Azenha, Paulo Moreira Leite, Rovai e Nassif se anteciparam ao Golpe com suas contribuições para os internautas, para o povo. E denunciaram o conluio, inicialmente da mídia com o PSDB (e partidos da oposição), e posteriormente com STF, PGR, setores da PF, dentre outros grupos envolvidos nesse processo antidemocrático e fascista para a queda da Democracia. Então, esses blogueiros sinalizaram e se anteciparam, mostrando a ameaça que o País passou e está passando, porque o Golpe continua, o Golpe permanece.
G.P. E foi nesse momento que você percebeu bem a diferença que existia da cobertura feita por esses blogueiros e a cobertura feita pela imprensa tradicional?
A.N.: Sim, sim. O Paulo Henrique fala que o Jornal Nacional é o farol dos piratas e eu, reflexionando sobre isso, penso também que o Jornal Nacional é o farol da fake news. Diariamente a gente vê a fake news através do Jornal Nacional. E esses blogueiros têm sido fundamentais e foram fundamentais, principalmente no processo do Golpe. Eles se anteciparam ao Golpe, mostrando um jornalismo diferenciado, quanto à questão da emergência da internet no ambiente comunicativo, corporativo, da qualidade, da comodidade, do conforto, da importância da informação fidedigna. Então, esses blogueiros são fundamentais para a Democracia brasileira. E é importantíssimo que todos nós possamos acompanhar eles e apoiar eles, porque eles estão sofrendo retaliações. Assim que o Governo Golpista interino tomou posse, tirou a publicidade toda, como forma de censura a esses blogueiros. Então, é preciso ter uma união e fortalecer eles, porque eles vêm apontando e continuam apontando as ameaças que estamos sofrendo. Como eu disse, o Golpe permanece.
G.P.: E só para o nosso navegante entender: durante o tempo em que você fez o livro, como foi esse seu trabalho? Eu sei que você conversou com Paulo Henrique Amorim, Nassif, Paulo Moreira Leite, Azenha, Rovai... Como foi o processo, a construção desse seu trabalho?
A.N.: Foi um processo muito bom, muito lindo, e é um processo todo independente. Eu investi muito dinheiro e não tenho, inicialmente, retorno. E decidi oficialmente lançar no Conversa Afiada. E as entrevistas ocorreram presencialmente, por Facebook, por WhatsApp. Por exemplo: Paulo Henrique, com quem já tive contato pessoalmente, respondeu de imediato a todas as questões. E foi um ping-pong. Ele teve a precisão de responder a tudo, inclusive algumas respostas eu disponibilizei no Soundcloud, que é uma plataforma de áudio; outros, como Paulo Moreira Leite, por exemplo, por Gmail; com Renato Rovai foi pessoalmente; e com Nassif, por e-mail, mas fiz questão de entregar pessoalmente o livro a Nassif. E eu tenho muito a agradecer, porque foi uma experiência incomum, uma contribuição importante.
G.P.: Só pra esclarecer e informar aos nossos leitores: o seu livro estará disponível dentro do Conversa Afiada. As pessoas vão poder ler o seu livro. E, para encerrar, eu gostaria de perguntar o seguinte: você acredita nessa imprensa livre, democrática e independente? Você acha que é esse o caminho que a gente tem que seguir? "Arregaçar as mangas"?
A.N.: Esse é o caminho independente! Arregaçar as mangas! Por exemplo, eu criei um blog. E esses blogueiros são os bons exemplos. Temos que arregaçar as mangas e o povo brasileiro e a Esquerda apoiarem, contribuírem de diversas formas, principalmente com contribuição, financiamento. Para que permaneça vivo esse contraponto à velha mídia, ao PiG, que vão contra a Democracia e contra o povo brasileiro. Então, a existência desses blogueiros é importantíssima!
Leia:
Em tempo: você pode, também, ouvir a entrevista: