Bolsonaro na China: "estou em um país capitalista"
Ernesto Araújo e o presidente Jair Bolsonaro (Créditos: José Dias/PR)
O presidente Jair Bolsonaro desembarcou nesta quarta-feira em Pequim, na China, para mais uma etapa de sua viagem pela Ásia e Oriente Médio.
A República Popular da China é governada pelo... Partido Comunista.
Como explicar isso ao seu eleitorado anti-comunista, anti-esquerdista, anti-petralha?
"Estou em um país capitalista", disse Bolsonaro ao Estadão.
Alguém deveria avisar o chanceler Ernesto Araújo, aquele que já falou em "levantar barricadas contra a China maoísta"...
De fato, o "socialismo de mercado" chinês tem sido, há anos, um dos principais motores do crescimento econômico global.
Não apenas por conta das grandes empresas de tecnologia - como a Huawei - ou extensivas manufaturas que fornecem produtos para todo o mundo, mas também pela enorme presença de 55 mil empresas estatais.
Durante a campanha eleitoral de 2018, Bolsonaro chegou a condenar a expansão econômica da China, ao afirmar que os chineses iriam "comprar o Brasil".
Agora, no mesmo mês em que a China comemora os setenta anos de sua Revolução Comunista, o discurso mudou: ele quer encontrar empresas chinesas dispostas a participar do processo de privatização das estatais brasileiras.
Inclusive empresas estatais chinesas!
Ou seja: algumas empresas públicas do Brasil capitalista, governado pelos bolsonários anti-comunistas, podem ser compradas por estatais que respondem ao Partido Comunista Chinês.
Depois dessa, o Araújo vai ficar bem confuso...
Em tempo: entre 2015 e 2017, empresas chinesas - entre elas, a estatal State Grid - já adquiriram o controle ou participação em 23 empresas brasileiras, especialmente na área de energia.
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