As empresas não pagarão as dívidas
Com a inestimável colaboração de Delfim Netto, Ministro (na sombra) do Governo (sic) Temer, o Conversa Afiada ousou afirmar que o próximo presidente vai dar o calote na divida, ou não governa.
Essa proposta parecia implícita na excelente entrevista que Luiz Gonzaga Belluzzo deu à TV Afiada, a propósito de seu livro “Manda quem pode, obedece quem tem prejuízo", escrito com Gabriel Galípolo.
A ideia se reforçou com a leitura do esclarecedor ensaio de Luiz Fernando de Paula e Manoel Pires, no estupendo volume 89 da revista “Estudos Avançados" da USP, sob a batuta do mestre Alfredo Bosi, e coordenação do professor Luiz Carlos Bresser-Pereira – autor do manifesto “Brasil Nação".
Luiz Fernando e Manoel confirmam, primeiro, o caráter impagável da dívida pública, como observou Delfim Netto: 69,6% do PIB, em 2016.
Depois, demonstram que há um “circuito de overnight" na economia, herança do período de inflação alta, mantido no pós-Real, para onde são canalizadas as aplicações de alta liquidez dos agentes econômicos: firmas, bancos e rentistas.
Os títulos públicos hoje, 2015/2016, INDEXADOS, representam 30% da dívida pública!
E o mais grave, na modesta avaliação do ansioso blogueiro, é a crescente IMPOSSIBILIDADE de as empresas brasileiras pagarem o que devem.
O gráfico abaixo reproduzido mostra que, de 2013 para 2016, o percentual de empresas abertas excluída a Petrobras) cuja geração de caixa (EBITDA) NÃO cobre as dívidas PASSOU DE 30% PARA 55%!
Quer dizer: 55% das empresas brasileiras – abertas, imaginem as fechadas! - não ganham o suficiente para pagar o que devem aos bancos!
Sem falar na dívida das famílias!
Numa situação de recessão com cara de depressão, apesar dos heróicos esforços da Cegonhóloga, quando não há consumidor, logo, não há vendas.
Logo, não geram caixa para pagar o banco!
E as empresas progressivamente se asfixiam.
A dívida do Governo, das empresas e das famílias é impagável.
Ou o próximo Presidente, em 2018, dá um calote da dívida ou o Brasil não sai do atoleiro em que está desde 1990, desde quando não cresce consistentemente, como não se cansa de dizer o professor Bresser-Pereira.
27 anos de estagnação!
27 anos em que não se ousou contestar os princípios cardeais desse neolibelismo.
Como diria a Veja: basta!
PHA
Quanto maior a dívida em relaçao à receita, geração de caixa menor e menor a chance de pagar a dívida.