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Escárnio: donos do Itaú vão receber R$ 9 bilhões

E o nióbio? Assim até eu sou cineasta diletante
publicado 03/05/2018
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Por Gilberto Menezes Côrtes, no Jornal do Brasil:

Itaú: R$ 9 bilhões aos donos

Controladores receberão em dois anos R$ 26,6 bilhões; Bolsa Família pagou R$ 29 bilhões em 2017

Após distribuir R$ 17,6 bilhões (70,6%) do lucro recorde de R$ 24,87 bilhões em 2017 às famílias dos controladores do Itaú Unibanco, levando em conta o lucro de R$ 6,42 bilhões do primeiro trimestre, os donos do banco poderão receber até R$ 9 bilhões este ano. O Conselho de Administração aprovou em 2017 a distribuição mínima de 35% do lucro aos controladores. Mantido o ritmo de lucro nos próximos três trimestres, o ganho do banco em 2018 atingiria R$ 25,7 bilhões, permitindo distribuição mínima de R$ 9 bilhões. Em 2017, o Bolsa Família gastou R$ 29 bilhões com 13 milhões de famílias.

O lucro distribuído do ano passado às famílias Moreira Salles (os irmãos Pedro, Walter, João e Fernando) foi de R$ 9,1 bilhões. Às famílias Setúbal (Roberto Setúbal e Maria Alice Neca Setúbal) e Villela (Milu Villela) coube, respectivamente, R$ 1,72 bilhão e R$ 3,25 bilhões a cada membro do clã. O ganho referente a 2017 foi excepcional, com aumento de 75,6% sobre 2016. 2018, o pagamento de Juros sobre Capital Próprio (JCP) isentos de tributação, o payout (dividendos de 69% + JCP), incluindo os 11,2% de recompra de ações, chegou a 80,2%.

Mesmo na recessão que atingiu o país em 2105, os ganhos dos Itaú têm tido crescimento exponencial desde a fusão com o Unibanco, em 2009, que o transformou no maior banco privado do país, desbancando o Bradesco, e disputando com o Banco do Brasil a liderança do sistema em ativos e em administração de recursos (ainda com o BB, graças à Previ, o fundo de pensão de seus funcionários).

Nos últimos cinco anos, o montante de dividendos distribuídos pelo Itaú Unibanco alcançou R$ 46,6 bilhões, beneficiando sobretudo os acionistas controladores. O Itaú superou a Ambev como maior distribuidor de dividendos no país. Os altos lucros e os juros sobre capital próprio (JCP), distribuídos sem tributação, são alvo de propostas da Receita Federal, mas os bancos e grandes empresas reagem fortemente à investida, mobilizando bancadas no Congresso.

A fusão entre Itaú e Unibanco foi alvo de autuação da Secretaria da Receita Federal em 2012, com cobrança de R$ 11,847 bilhões em Imposto de Renda e R$ 6,867 bilhões em Contribuição sobre o Lucro Líquido (CSLL). Atualizada, a multa iria a R$ 26 bilhões. Mas o banco conseguiu vencer no julgamento do recurso no Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF), em abril de 2017. Livre do encargo (ainda objeto de recurso da Fazenda Nacional) o Conselho de Administração decidiu pela farta distribuição de dividendos acumulados.

Mas chama a atenção entre os analistas do mercado financeiro a decisão do Conselho de Administração. Uma das interpretações é de que com a queda da demanda de empréstimos pelas grandes empresas (muitas delas atoladas em dívidas e com baixo faturamento desde que foram atingidas pelas investigações da Lava-Jato), os bancos não precisam elevar o capital para alavancar empréstimos. De fato, a trajetória do Itaú Unibanco mostra concentração nas operações do “Banco do Varejo”, que cresceu 5,7% contra o primeiro trimestre de 2017, e registrou aumento de 14,7% no lucro líquido no período (graças aos ganhos em cartões de crédito, empréstimos imobiliários e tarifas sobre cartões e contas correntes) e uma redução de R$ 36 milhões no lucro líquido do “Banco de Atacado” no primeiro trimestre, com a diminuição de 8,3% na carteira das grandes empresas. Acredita-se no mercado que o Itaú vá aproveitar a liberação do compulsório em 1o de julho (R$ 25,7 bilhões no sistema) para renegociar créditos em atraso. Os demais devem fazer o mesmo, sem gerar empréstimos novos.

Em tempo: sobre o Itaúúúúú, leia no C Af: povo brasileiro é civilizado. Já camarote VIP do Itaú...

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