O Golpe arruinou os pobres
O Canadá já percebeu. Falta a Cegonhóloga...
publicado
09/01/2018
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A Cegonhóloga deu uma inesquecível explicação à rádio que troca a notícia, a CBN: por que os ouvintes não acreditam quando ela diz que está tudo um colosso!
Como se sabe, a comunidade acadêmica mundial, de Cambridge a Cambridge, espera a Cegonhóloga se pronunciar sobre o trabalho "O Capital no Seculo XXI", de Thomas Piketty.
Enquanto não se manifesta, a Academia se cala, já que ela é o mais luminoso expoente que o pensamento neolibelês conseguiu produzir no Brasil!
Enquanto isso, o mais importante jornal do Canadá ousou divergir dela:
De tudo o que a família perdeu, o que Nívia Caridade mais sente falta é da esperança.
(...)
Hoje, Nívia, 39 anos, quer saber como irá comprar comida e roupas para a família, como irá comprar remédios para a filha doente de quatro anos, ou o que será dos filhos adolescentes que recebem uma educação básica de uma escola pública que funciona parcialmente. Ela se pergunta se todos irão sobreviver por mais uma semana à pequena guerra civil que toma conta de seu bairro na periferia do Rio - um bairro abandonado pelo falido governo do Estado.
Sua família voltou à estaca zero, ao ponto onde estavam quando ela era adolescente. Talvez até pior.
A segurança e o otimismo de Nívia foram arrancados pela feroz recessão no Brasil e pela crise política que impede uma retomada. O país passa por um agudo retrocesso dos avanços conquistados durante os prósperos primeiros quinze anos do século. O Banco Mundial afirma que mais de 3,6 milhões de pessoas voltaram para baixo da linha de pobreza de 54 dólares ao mês desde o início de 2016, enquanto milhões mais se encontram perigosamente perto de tal limite.
(...)
À medida que o desemprego ultrapassa os 12% da população e os gastos em políticas sociais diminuem, o número de pessoas que retorna à pobreza aumenta. Isso já era previsto e contribui com a profunda rejeição ao governo de Michel Temer.
Nos bons tempos, quando os preços das commodities estavam em alta e o governo tinha caixa, cerca de 30 milhões de brasileiros, incluindo Nívia e a família, saíram da pobreza e ingressaram em uma nova classe média. Além disso, acreditava-se que o Brasil tinha reduzido a desigualdade pela primeira vez enquanto a economia crescia. (...) O Brasil destacava-se como um raro exemplo onde o abismo entre ricos e pobres diminuía.
(...)
Entretanto, além da dor de famílias como a de Nívia, há pistas de que a desigualdade não diminuiu. Na verdade, a concentração da renda nas mãos dos mais ricos aumentou. Ao invés de oferecer uma lição sobre como reduzir a desigualdade, o Brasil tornou-se um exemplo de como essa é uma tarefa difícil.
Não há dúvida de que a pobreza diminuiu no Brasil. A expansão da economia nos anos 2000 tirou uma grande massa de trabalhadores do setor informal (...) ao mesmo tempo em que os governos do PT aumentaram o valor do salário mínimo em mais de 50%. Enquanto isso, o governo investiu em programas sociais como o Bolsa Família. (...)
Ainda que a desigualdade causada por baixos salários tenha caído, isso não bastou para combater a concentração de recursos nas mãos das elites. (...)
Um estudo do economista Marc Morgan, do Banco de Dados Mundial de Riqueza e Renda - instituto liderado por Thomas Piketty - sustenta que os 10% mais ricos do Brasil receberam os benefícios de 61% do crescimento econômico.
Em outras palavras, os pobres ganharam apenas uma lasca do "boom". Os 10% mais ricos ficaram com a maior parte. A ONG Oxfam calculou que seis brasileiros têm, hoje, uma renda equivalente aos 50% mais pobres do país.
O professor Marcelo Medeiros, da Universidade de Yale, acredita que os novos estudos deixam claro que as políticas de redução de renda devem ser revistas. "Existem novos fatores em jogo, fatores importantes como riqueza, heranças, lucros, ganhos sobre capital... Uma grande parte da desigualdade no Brasil não será afetada por elementos que atuam apenas sobre o mercado de trabalho, como as políticas de educação. Nada disso afeta as heranças ou a taxação de riquezas."
(...)
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Hoje, Nívia, 39 anos, quer saber como irá comprar comida e roupas para a família, como irá comprar remédios para a filha doente de quatro anos, ou o que será dos filhos adolescentes que recebem uma educação básica de uma escola pública que funciona parcialmente. Ela se pergunta se todos irão sobreviver por mais uma semana à pequena guerra civil que toma conta de seu bairro na periferia do Rio - um bairro abandonado pelo falido governo do Estado.
Sua família voltou à estaca zero, ao ponto onde estavam quando ela era adolescente. Talvez até pior.
A segurança e o otimismo de Nívia foram arrancados pela feroz recessão no Brasil e pela crise política que impede uma retomada. O país passa por um agudo retrocesso dos avanços conquistados durante os prósperos primeiros quinze anos do século. O Banco Mundial afirma que mais de 3,6 milhões de pessoas voltaram para baixo da linha de pobreza de 54 dólares ao mês desde o início de 2016, enquanto milhões mais se encontram perigosamente perto de tal limite.
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À medida que o desemprego ultrapassa os 12% da população e os gastos em políticas sociais diminuem, o número de pessoas que retorna à pobreza aumenta. Isso já era previsto e contribui com a profunda rejeição ao governo de Michel Temer.
Nos bons tempos, quando os preços das commodities estavam em alta e o governo tinha caixa, cerca de 30 milhões de brasileiros, incluindo Nívia e a família, saíram da pobreza e ingressaram em uma nova classe média. Além disso, acreditava-se que o Brasil tinha reduzido a desigualdade pela primeira vez enquanto a economia crescia. (...) O Brasil destacava-se como um raro exemplo onde o abismo entre ricos e pobres diminuía.
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Entretanto, além da dor de famílias como a de Nívia, há pistas de que a desigualdade não diminuiu. Na verdade, a concentração da renda nas mãos dos mais ricos aumentou. Ao invés de oferecer uma lição sobre como reduzir a desigualdade, o Brasil tornou-se um exemplo de como essa é uma tarefa difícil.
Não há dúvida de que a pobreza diminuiu no Brasil. A expansão da economia nos anos 2000 tirou uma grande massa de trabalhadores do setor informal (...) ao mesmo tempo em que os governos do PT aumentaram o valor do salário mínimo em mais de 50%. Enquanto isso, o governo investiu em programas sociais como o Bolsa Família. (...)
Ainda que a desigualdade causada por baixos salários tenha caído, isso não bastou para combater a concentração de recursos nas mãos das elites. (...)
Um estudo do economista Marc Morgan, do Banco de Dados Mundial de Riqueza e Renda - instituto liderado por Thomas Piketty - sustenta que os 10% mais ricos do Brasil receberam os benefícios de 61% do crescimento econômico.
Em outras palavras, os pobres ganharam apenas uma lasca do "boom". Os 10% mais ricos ficaram com a maior parte. A ONG Oxfam calculou que seis brasileiros têm, hoje, uma renda equivalente aos 50% mais pobres do país.
O professor Marcelo Medeiros, da Universidade de Yale, acredita que os novos estudos deixam claro que as políticas de redução de renda devem ser revistas. "Existem novos fatores em jogo, fatores importantes como riqueza, heranças, lucros, ganhos sobre capital... Uma grande parte da desigualdade no Brasil não será afetada por elementos que atuam apenas sobre o mercado de trabalho, como as políticas de educação. Nada disso afeta as heranças ou a taxação de riquezas."
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