"Macri la puta que te parió": a tentativa de calar o hit do verão na Argentina!
No estádio Nuevo Gasómetro, torcida do San Lorenzo protesta contra o Presidente argentino (Crédito: ContraPoder)
O amigo navegante do Conversa Afiada sabe qual é o hit do verão na Argentina: "Mauricio Macri, la puta que te parió":
O canto foi registrado em praticamente todos os jogos da Superliga Argentina de futebol nas últimas rodadas.
Mas, como era de se esperar, já se prepara uma reação.
E, nesta quarta-feira, 28/II, o jornal Pagina 12 - há muito perseguido por Macri - traz uma série de artigos que ajudam a entender o contexto em que os gritos contra o Presidente se inserem.
Diz o jornalista Gustavo Veiga:
"Enquanto se espalham cada vez mais os vídeos com 'Mauricio Macri la p... que te parió', se conheceu o primeiro antecedente de um canto parecido. Um espectador o filmou em 23 de maio do ano passado, pouco antes de uma partida da Copa Argentina. Jogavam Talleres de Córdoba e Defensores de Belgrano no estádio do Atlético Rafaela. Um grupo de torcedores do clube portenho entoou o 'Votaste a Macri la puta que te parió...' como crítica à eleição. Como se sabe: a aliança Cambiemos teve em Córdoba uma vantagem tão considerável nas pesquisas que foi decisiva para o seu triunfo a nível nacional. Ele passou de 60% dos votos na capital da província...
Aquele canto não se espalhou porque foi uma manifestação isolada, dedicada ao presidente de modo indireto. A imagem de Macri, porém, não havia se deteriorado como aconteceria depois da votação da Reforma da Previdência, da repressão do Congresso, da inflação descontrolada e da repetição dos tarifaços sem anestesia. Nove meses depois, o mal-humor social subiu com os preços. Pelo elevador, enquanto os salários sobem pelas escadas. Os insultos são agora uma consequência da tensa situação socioeconômica. É muito provável que começaram a se expressar com um gatilho do futebol, mas sua repetição sistemática - dentro e fora dos estádios - já não pode ser atribuída a um pênalti mal cobrado ou a um gol irregular a favor do Boca, o time do presidente."
Sobre a tentativa de calar na marra as torcidas, alerta Facundo Martínez:
"A iniciativa para que os árbitros suspendam as partidas em que os torcedores insultem o Presidente, esboçada pelo ex-árbitro e titular do Sadra (Sindicato de Árbitros da República Argentina), Guillermo Marconi, como solução prática para tentar conter a torrente de manifestações ofensivas contra Macri, soa um pouco como querer tapar o sol com a mão. O mesmo acontece com as tentativas de quem busca separar por completo a reação dos torcedores das medidas impopulares que o Governo adota na Economia e na Política, da inflação, dos tarifaços, da Reforma da Previdência, etc..."
Ainda sobre este assunto, o Pagina 12 publicou didático editorial nesta quarta:
"(...) Andrés Gil Domínguez, advogado constitucionalista, explicou ao Pagina 12 que 'é necessário distinguir o que são manifestações discriminatórias baseadas em gênero, religião, orientação sexual e aquelas vinculadas a grupos perseguidos e que devem ser proibidas, de palavras que, embora tenham conotação negativa, são um "insulto, uma forma de crítica a uma política pública'. Para o constitucionalista, 'por mais que seja uma expressão ofensiva para a pessoa ou o funcionário que se destina, se enquadra na liberdade de expressão. É uma forma de crítica, de protesto, que não pode ser proibida porque restringiria a possibilidade de livre expressão. O direito à não-discriminação implica que uma pessoa não pode ser menosprezada ou ferida em seus sentimentos por suas crenças religiosas, sexo, nacionalidade, origem étnica ou quaisquer outras figuras previstas na Lei. Nada disso ocorre neste caso', assinalou."
Na terça-feira 27/II, antes do duelo entre Racing X Cruzeiro, pela primeira rodada da fase de grupos da Copa Libertadores da América, os torcedores argentinos voltaram a cantar o hit do verão. Com bola rolando, o Racing deu show e venceu por 4x2:
Veja mais vídeos com o hit do verão argentino: