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Estadão: quebra de decoro mostra que Bolsonaro está acuado

Presidente só sabe fazer política através da intimidação!
publicado 21/12/2019
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Bolsonaro na sessão de grosserias desta sexta-feira 21/XII (Reprodução: Rede Globo)

Nesta sexta-feira 20/XII, em conversa com fãs na porta do Palácio da Alvorada, o presidente Jair Bolsonaro mais uma vez demonstrou sua grosseria e seu descontrole.

Ao ser questionado por um repórter do Globo sobre a investigação do Ministério Público do Rio de Janeiro contra seu filho Flávio Bolsonaro e ex-funcionários de seu gabinete - entre eles, o ex-assessor Fabrício Queiroz, aquele das "rachadinhas" - o presidente reagiu com um chilique:

"Você tem uma cara de homossexual terrível. Nem por isso eu te acuso de ser homossexual", disse Bolsonaro.

Em seguida, após uma nova pergunta sobre as investigações do Ministério Público, o Jair Messias indaga os jornalistas: "o processo é segredo de Justiça ou não é? Respondam! Respondam, porra!", diz ele, descontrolado, batendo o punho contra a grade do Palácio da Alvorada.

O mesmo repórter do Globo insiste e pergunta ao presidente sobre um cheque de R$ 24 mil, pago por Fabrício Queiroz à primeira-dama Michelle Bolsonaro.

Desde dezembro de 2018, Bolsonaro afirma que trata-se de parte da quitação de um empréstimo de R$ 40 mil.

O repórter pergunta ao presidente se ele teria um comprovante do tal empréstimo.

Jair Bolsonaro, novamente, responde de forma enlouquecida: "oh rapaz, pergunta para a tua mãe o comprovante que ela deu para o teu pai, tá certo?"


Não é a primeira vez que Bolsonaro xinga a mãe de quem lhe pergunta sobre o Queiroz.

Nem a primeira vez em que Bolsonaro ataca jornalistas na porta do Palácio da Alvorada.

Segundo a Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), o Jair Messias ataca a imprensa ao menos duas vezes por semana.

As declarações de Bolsonaro repercutiram durante toda a sexta-feira.

Colunista do Globo afirma que as investigações contra o filho Flávio Bolsonaro já estão "abalando a já desequilibrada personalidade do presidente".

O jornalista Reinaldo Azevedo, em sua coluna no UOL, disse que o chilique "não é próprio de uma pessoa no pleno gozo das chamadas 'faculdades mentais'".

Na Rede Globo, o jornal nacional também deu destaque ao caso.

O editorial do Estadão deste sábado 21/XII, de título "Falta de decoro", também aborda o tema.

"O que se testemunhou ontem à saída do Palácio da Alvorada, residência oficial do presidente da República, foi muito além do tolerável até para o grosseiro padrão do bolsonarismo. Já seria indecoroso mesmo se Bolsonaro fosse apenas um deputado federal do baixo clero. Como presidente da República, tal comportamento envergonha os cidadãos e enxovalha o país", diz o jornal.

O editorial continua: "não há cálculo político que desculpe ou relativize o tom de Bolsonaro, próprio de arruaceiros que chamam desafetos para uma briga de rua. Ao agir dessa maneira, Bolsonaro não apenas se apequena como presidente, como dá a entender que está acuado diante das suspeitas que recaem sobre seu filho Flávio – o senador teria se beneficiado de esquema de desvio de recursos públicos e lavagem de dinheiro quando era deputado estadual no Rio de Janeiro".

Em tempo: o Ministério Público do Rio de Janeiro afirma que Flávio Bolsonaro pagou R$ 638 mil para "lavar" compra de imóveis.

Em tempo2: segundo interlocutores, Bolsonaro tem medo que o filho vá em cana.

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