Voto facultativo, distrital e $ à vontade
O Partido Republicano acaba de obter acachapante vitória nas eleições americanas para o Legislativo e governos estaduais.
(As presidênciais serão daqui a dois anos.)
Os Republicanos controlarão o Senado, a Câmara e a maioria dos governos estaduais.
Mas, "acachapante" em termos.
Essa foi a versão do PiG.
A vitória Republicana foi " maior" porque os institutos (centenas deles) de pesquisas, como de hábito, cometeram um erro crucial: subavaliaram a abstenção.
E o percentual de votantes foi 36,6% - um espanto ! - do total de eleitores.
E, nos EUA, como no mundo inteiro, os pobres - e , lá , eleitores Democratas - são os que mais se abstêm.
Além disso, os presidentes Eisenhower, Reagan e Clinton, como Obama, apanharam nas eleições do meio do segundo mandato.
O ansioso blogueiro se vale aqui de observações da excelente analista Elizabeth Drew, na New York Review of Books, "Why the Republicans won".
Há outro fator sinistro na lógica da eleição americana: a grana rola.
Em 2010, a Corte Suprema, Republicamente escolhida - presidente Democrata escolhe ministro Democrata , Republicano, Republicano, porque , como o Fernando Henrique, nesse assunto não se brinca em serviço ... - tornou legal QUALQUER tipo de doação.
Vale TUDO.
Até doação anônima, chamada de " dark money", dinheiro escuro.
Pela primeira vez, desde a era Theodore Roosevelt, no início do século XX, passou a ser legal empresa financiar campanhas.
(Ufa! Que bom ! Aqui no Brasil, o Supremo já decidiu por 6 a 1 proibir essa ignomínia ... )
O resultado é que as grandes empresas financiadoras se tornaram "dark money" e podem descarregar dinheiro em distritos eleitorais estratégicos.
Elas escolhem distritos em que um Republicano pode tomar o assento de um Democrata importante, deputado ou senador, e despejam dinheiro no Republicano.
Isso se torna mais fácil, porque nos EUA funciona o voto distrital.
Voto distrital é mais vulnerável ao poder do dinheiro e ao Poder Legislativo.
Agora, com a maioria Republicana, será possível redesenhar os distritos e fazer, digamos, com que o Nordeste brasileiro todo seja um único distrito e o bairro de Higienopolis, em São Paulo, se dívida em dez.
(Vai depender de quem controlar o IBGE. Num hipotético Governo tucano, com voto distrital, o Cerra nomearia o Gesner de Oliveira para dirigir o IBGE, com a argucia com que dirigiu a Sabesp.)
Esse é o sonho de consumo dos tucanos: uma eleição americana.
Sem papelzinho e com voto manual, para adulterar, como se faz, habitualmente, na Flórida, no Texas e outros estados brasileiros ( brasileiros, revisor, por favor).
Voto facultativo.
Voto distrital pleno e simples.
Dinheiro a rodo.
Ufa !
Ainda bem que o Supremo no Brasil é republicano ( caixa baixa, revisor. Por favor.)
Paulo Henrique Amorim
Leia mais:
TOFFOLI NÃO QUER FINANCIAMENTO DE EMPRESA