Com a conivência da elite, Jair Messias mata o Brasil
Barrocal: Bolsonaro transforma mentira em tática. É o Bolsonóquio!
publicado
29/07/2019
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O Conversa Afiada reproduz trechos de artigo de André Barrocal na nova edição da Carta Capital:
Com o aval da elite, Bolsonaro transforma a mentira em tática
Carlo Collodi escreveu, em 1881, a história de um boneco de madeira cujo nariz crescia sempre que mentia, e 138 anos depois Pinóquio é uma boa descrição do homem de raízes italianas no poder no Brasil. Até onde chegarão as narinas de Jair Bolsonóquio?
Para atacar quem quer que o incomode, vale-se de invencionices. Apela a elas contra jornalistas, o meio ambiente, funcionários do governo e para disfarçar seu preconceito com o Nordeste, terra de um quarto da população, única região que não lhe deu vitória eleitoral e hoje se destaca na oposição.
Das elites econômicas e políticas, nada: há um silêncio cúmplice diante de suas imposturas, graças à comunhão de interesses neoliberais e antipopulares. O governo é aprovado por 33%? Pois entre quem ganha acima de 10 salários mínimos, dá 52%. Para os endinheirados, diz o Datafolha, 61% acreditam que o governo ainda será ótimo ou bom, ante 51% da média geral. Se 39% dos brasileiros não viram nada de bom até agora, só 23% dos mais ricos concordam. E olha que 23% dos mais abastados reconhecem que o pior de Bolsonaro até agora é a imagem pública, ante 9% na média.
(...) São os interesses neoliberais das elites econômicas e políticas que as levam a se omitir diante de um presidente mentiroso, preconceituoso, autoritário, sem decoro à altura do cargo. Bolsonaro quer botar o filho Eduardo na embaixada brasileira em Washington, nepotismo descarado confessado pelo próprio: “Pretendo beneficiar filho meu, sim”. Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal, disse não ter a “menor dúvida” do nepotismo. O embaixador aposentado Rubens Ricupero afirmou ser um “absurdo” a pretendida indicação. Janaina Paschoal, deputada em São Paulo e advogada do impeachment, vê improbidade. Vozes isoladas. E o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, Casa que aprova embaixadores? Nada. E Raquel Dodge, a PGR, que tem o dever de fiscalizar o presidente e os ministros? Nada também. (...)
Os fazendeiros não têm do que se queixar, dadas as posições presidenciais sobre desmatamento e meio ambiente. E os industriais? Interessam-se pelas medidas neoliberais do governo e possuem lideranças desmoralizadas, incapazes de vocalizar críticas, se as tiverem (...)
O setor produtivo está de olho em mais uma etapa de reforma trabalhista. Esta foi embutida, com o consentimento do governo, em uma Medida Provisória baixada em abril. A MP nº 881, batizada pelo governo de “MP da Liberdade Econômica”, é uma tentativa de elevar o neoliberalismo à condição de totem, por cima dos ditames sociais da Constituição. Será uma das primeiras votações no Congresso na volta das férias, em agosto. O texto que irá à votação foi aprovado dia 11 em uma comissão de deputados e senadores. É obra de um deputado-advogado gaúcho, Jerônimo Goergen, de 43 anos e do PP. Em seu parecer, ele enxertou várias alterações na CLT, já estuprada na gestão Temer. A MP saiu do governo com 19 artigos, agora tem 53. No dia da aprovação na comissão, Goergen comentou: “Por que a bancada do PT está tão quieta? Será que está tão bom o meu relatório? Não. É que eles ainda estão chocados, eles não conseguiram acordar ainda com o novo texto”.
(...) Com Bolsonóquio no poder e a conivência das elites brasileiras, falecem a cada dia o Estado social, a verdade, o decoro do cargo e a democracia.
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