Bolsonaro pode ser pé-frio para Macri
Oposição prepara manifestações na Plaza de Mayo
publicado
05/06/2019
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Macri e Bolsonaro em encontro em Brasília, em janeiro (Créditos: Alan Santos/PR)
Da BBC Brasil:
Bolsonaro na Argentina: como visita de presidente brasileiro pode mexer com eleições no país
Seis meses depois de tomar posse, o presidente Jair Bolsonaro visita a Argentina em um momento decisivo para seu aliado, Mauricio Macri.
De uma reeleição que parecia quase certa pouco mais de um ano atrás, o presidente argentino hoje tenta tirar o país da crise econômica que alimenta uma rejeição crescente entre os eleitores à sua candidatura e que fortalece a chapa de sua principal rival, a ex-presidente Cristina Kirchner. (...)
Nessa disputa apertada, qualquer detalhe pode pesar para um lado ou outro da balança. "E Bolsonaro é uma figura incômoda", resume Fernando Manuel Suárez, professor do departamento de História da Universidad Nacional Mar del Plata (UNMdP).
Além dos comentários polêmicos do presidente sobre a comunidade LGBT e sobre as mulheres considerados preconceituosos e machistas entre os argentinos, ele também se refere, por exemplo, à postura do governo em relação à ditadura.
O tema é um dos poucos que une direita e a esquerda na Argentina, país que até hoje julga e condena os responsáveis pelo desaparecimento de quase 30 mil pessoas durante o regime de exceção que se estendeu de 1976 a 1983.
A eleição de Macri em 2015, que colocou fim em um ciclo de 12 anos de gestão kirchnerista, considerada de esquerda, não veio acompanhada de um maior apoio popular às Forças Armadas - ao contrário do que aconteceu no Brasil, em que a vitória de Bolsonaro deu-se em paralelo a um movimento de reconquista de prestígio dos militares.
"Em uma sociedade com muito poucos consensos como é a argentina, até hoje é consenso a catástrofe econômica, social e humana que foi a ditadura", diz o antropólogo Alejandro Grimson. (...)
Sendo assim, o fato de o presidente Bolsonaro ter estimulado as Forças Armadas a comemorarem o golpe de 64 é algo "impensável" no contexto argentino, ela ressalta.
Já os elogios ao coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, condenado pela Justiça brasileira, na Argentina poderiam ser denunciados por "apologia del delito", afirma Daniel Tarnopolsky, do diretório de organismos de direitos humanos do Espacio Memoria. (...)
Para Suárez, a oposição pode tentar explorar a "imagem pouco simpática" de Bolsonaro. "Os opositores vão fazer essa afiliação (da proximidade entre os dois presidentes)", afirma.
(...) A agenda preliminar divulgada pelo Itamaraty prevê que Bolsonaro chegue à Casa Rosada, sede da presidência, por volta das 11h desta quinta-feira. (...) Nesta semana, diversos movimentos sociais fizeram uma convocação para um protesto no dia da visita. Batizado de "Argentina Rechaza Bolsonaro", ele está marcado para as 18h desta quinta-feira na Plaza de Mayo, em frente à Casa Rosada.
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