Celso Amorim compara tensão Irã-EUA à Crise dos Mísseis
Mísseis soviéticos instalados em Cuba em 1962 tinham capacidade de atingir 70% do território dos EUA (Reprodução)
Celso Amorim, ministro das Relações Exteriores do Brasil entre 2003 e 2010, concedeu entrevista ao jornalista Jamil Chade, do UOL, a respeito do ataque norte-americano contra o general iraniano Qassem Soleimani, nesta madrugada em Bagdá.
Segundo Amorim, a ação do governo Trump elevou "à enésima potência" a crise entre Irã e Estados Unidos: Soleimani era considerado a segunda figura mais importante na liderança da República Islâmica. "Difícil imaginar que não haja reação", afirmou o ex-chanceler.
Ele completou: "desde a Crise dos Mísseis nunca estivemos tão próximos de um conflito armado direto entre dois estados".
E qual será a posição do governo de Jair Bolsonaro nessa crise?
"Por tudo o que foi dito e feito até hoje, seria difícil imaginar que a submissão a Washington deixará de prevalecer", disse.
Apesar da "diplomacia da sabujice" promovida pelo governo Bolsonaro, o Irã é um dos principais parceiros comerciais do Brasil, especialmente na área do agronegócio. As exportações brasileiras ao Irã somam cerca de dois bilhões de dólares ao ano.
Para Amorim, entretanto, "a questão é saber até onde irá e se, além das perdas comerciais, o governo está disposto a colocar em risco a segurança do Brasil e dos brasileiros".
"A questão deixa de ser só política. É moral e, até certo ponto, existencial", disse o ex-chanceler.
Gostou desse conteúdo? Saiba mais sobre a importância de fortalecer a luta pela liberdade de expressão e apoie o Conversa Afiada! Clique aqui e conheça! |
Leia também no Conversa Afiada:
- Ataque de Trump mata principal general do Irã
- Após ataque dos EUA, Bolsonaro diz que gasolina irá subir
- Celso Amorim e o "galardão" de PHA
- Celso Amorim, exclusivo: Bolsonaro transformou um desastre nacional em desastre mundial!
- Celso Amorim: Itamaraty agora é um navio sem rumo
- Amorim: depois da Venezuela seremos nós
- Celso Amorim: Lawfare é uma arma geopolítica!
- Bolsonaro declarou amor a Trump
- Trump trata Bolsonaro como um subalterno inconveniente