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Lula: Democracia não é pacto de silêncio

Ele condena declarações de Paulo Guedes: "o povo tem direito de se manifestar"
publicado 28/11/2019
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Lula em reunião com lideranças do PT em Salvador, 14/XI (Reprodução: Instagram/@lulaoficial)

Nesta quarta-feira 27/XI o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se pronunciou a respeito das declarações feitas pelo ministro (sic) da Economia (sic) do governo Jair Bolsonaro, Paulo Guedes, no início da semana.

Na noite da última segunda-feira 25/IX, em entrevista coletiva, Guedes insinuou sobre a possibilidade de um novo AI-5 como uma reação do governo Bolsonaro contra eventuais de protestos populares de grandes proporções no Brasil.

Para o ministro (sic), caso o país se torne palco de novas manifestações de massa, o grande culpado seria o presidente Lula.

No dia 9/XI, em seu discurso em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo - sua segunda aparição pública após deixar a prisão em Curitiba - Lula fez um apelo ao povo brasileiro: lutar contra os ataques do governo Bolsonaro.

"É uma questão de honra a gente recuperar esse país. A gente tem que seguir o exemplo do povo do Chile, do povo da Bolívia. A gente tem que resistir. Não é resistir. Na verdade, é lutar, é atacar e não apenas se defender", disse o presidente, em referência aos protestos no Chile no mês de outubro que quase levaram à renúncia do presidente neoliberal Sebastián Piñera, e também à resistência do povo boliviano contra o Golpe que derrubou Evo Morales.

Paulo Guedes, aparentemente, não engoliu o discurso de Lula.

E, tal qual a família Bolsonaro, enfiou um comentário sobre a ditadura militar em sua resposta:

"Sejam responsáveis, pratiquem a Democracia. Ou Democracia é só quando o seu lado ganha? Quando o outro lado ganha, com dez meses você já chama todo mundo para quebrar a rua? Que responsabilidade é essa? Não se assustem, então, se alguém pedir o AI-5. Já não aconteceu uma vez? Ou foi diferente? Levando o povo para a rua para quebrar tudo. Isso é estúpido, é burro, não está à altura da nossa tradição democrática", disse o ministro.

Trata-se de uma referência à declaração feita pelo deputado federal Eduardo Bolsonaro, filho 03 do presidente Jair Bolsonaro, no plenário da Câmara no dia 29/X. Na ocasião, o deputado afirmou que, se acontecerem protestos de massa no Brasil, "a gente vai ver a história se repetir" - uma referência à repressão da polícia e das forças armadas durante a ditadura.

Dois dias depois, em 31/X, durante entrevista à jornalista Leda Nagle, Eduardo Bolsonaro repetiu a ameaça: disse que a resposta das forças de segurança "pode ser via um novo AI-5".

Em Washington, Paulo Guedes voltou a criticar as declarações de Lula: "Chamar o povo para rua é de uma irresponsabilidade. (...) Aí o filho do presidente fala em AI5, aí todo mundo assusta", afirmou o ministro. E continuou: "eu acho uma insanidade chamar o povo para rua para fazer bagunça. Acho uma insanidade".

Em seu Twitter, Lula comentou o caso: "eles têm que saber que Democracia não é um pacto de silêncio. O governante precisa tirar a cera do ouvido e ouvir. Eu ouvia. Eu só não ouvia o Bolsonaro porque ele estava quieto nos oito anos do meu governo. Porque ele devia gostar. Ele sabe como investi nas Forças Armadas", disse.

Ele continua: "eu participo da política desde 1975 e vocês nunca me viram incitando quebra-quebra. Essa gente, se ver o povo na rua fazendo procissão, carregando vela, vai dizer que a Igreja Católica tá querendo botar fogo no país. O povo tem direito de se manifestar."

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