Valor: Bolsonaro vai e volta!
Por Hugo, Passarelli, no PiG cheiroso:
No mais recente episódio de uma campanha marcada por diversas viradas de opinião em algumas de suas propostas prioritárias, o candidato do PSL à Presidência, Jair Bolsonaro, garantiu ontem que vai manter o Brasil no Acordo de Paris. A mudança ocorreu na mesma semana em que o capitão reformado também prometeu desidratar o projeto de redução do número de ministérios, uma de suas propostas mais repetidas nos últimos meses como forma de cortar despesas e angariar apoio.
Pela formatação original, que consta nas duas versões do programa do PSL registradas no Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ideia do candidato era reunir dentro de um superministéiro da Economia as pastas da Fazenda, Planejamento, Indústria e Comércio. Por pressão do setor produtivo, os debates sobre a Indústria e Comércio devem continuar dentro do Mdic. Também caiu, após recepção ruim no agronegócio, a intenção de unir os ministérios da Agricultura e do Meio Ambiente.
Nos últimos meses, os desmentidos e desencontros entre Bolsonaro, o vice de sua chapa, o general reformado Hamilton Mourão, e seu guru econômico, Paulo Guedes, têm sido uma das marcas da campanha eleitoral.
O vaivém é motivo de cautela quanto às chances de eventual governo Bolsonaro conseguir implementar as reformas defendidas pelo mercado, segundo avaliação da economista-chefe da XP Investimentos, Zeina Latif.
"Existe, sim, uma preocpação quanto às falas divergentes. Por enquanto, o que temos do governo Bolsonaro é só um rascunho de temas que são urgentes", afirma. Ela lembra do segundo mandato de Dilma Rousseff, quando houve dificuldade em tocar o ajuste fiscal encabeçado por Joaquim Levy após a campanha negar a existência de desequilíbrios econômicos.
A economista ainda destaca que, onde há convergência de ideias, as medidas preocupam, como a proposta de isentar o Imposto de Renda para quem recebe até cinco salários mínimos.
Para Zeina, a reforma da Previdência e o programa de privatizações são essenciais para conquistar a confiança e retomar o crescimento. No debate sobre as aposentadorias, ela lembra que hoje há uma cisão entre as alas econômica e política do governo Bolsonaro ainda em gestação.
Onyx Lorenzoni (DEM-RS), provável ministro da Casa Civil em caso de vitória do PSL, defende começar nova tramitação da reforma em 2019. Guedes, por sua vez, é a favor de tentar pautar após as eleições.
Já no tema da privatização, Zeina considera extremamente delicada a posição de Bolsonaro de rechaçar a venda da Eletrobras. "A última coisa que esse provável futuro governo precisa é salto alto. Eles precisam usar o capital político para avançar".
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