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Serra adultera o currículo. Ele não fez o programa de Tancredo

A política de transporte público do jenio e dos 16 anos de jestão tucana em São Paulo se estilhaçou.
publicado 22/09/2010
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A entrevista do jenio ao Bom (?) Dia Brasil realizou-se na noite em que houve o Caracazo em São Paulo – clique aqui para ler.

Onze trens foram depredados.

A política de transporte público do jenio e dos 16 anos de jestão tucana em São Paulo se estilhaçou.

E nem uma pergunta sobre o assunto.

Um dos entrevistados misturou alhos com bugalhos – “segundo professor na sala de aula” e “professor temporário” e o jenio pôde fugir dos pontos fracos da fracassada educação pública de São Paulo – os salários PSDB (Pior Salário Do Brasil), terceiro turno e aprovação automática.

Ah, esse PiG (*) !

Sem o PiG (*), o jenio não passava de Resende.

O jenio propõe um segundo professor na sala de aula em todo o Brasil – uma pedagoga para auxiliar a professora titular.

Ele próprio admite que haveria um “pequeno” problema: não há pedagogas em numero suficiente no Brasil.

Seria necessário produzir mais pedagoga que suco de laranja.

Ou seja: outro blefe.

Houve também uma longa tertúlia com a urubóloga Miriam Leitão sobre o câmbio e a abertura da economia.

Ele tem fixação no “câmbio”, que, em São Paulo, é o instrumento para passar a marcha do carro.

Foi uma discussão com a profundidade de tigela para dar água ao gato.

Além de inútil, do ponto de vista eleitoral.

O mais importante, porém, foi uma adulteração do currículo.

O jenio disse que foi o chefe da Copag, organização semi-clandestina que teria redigido o programa econômico do Governo Tancredo Neves.

Mentira.

Ou “restrição da verdade”.

Tancredo se elegeu no Colégio Eleitoral, depois de derrotar um paulista com a mesma virtude do Serra: o Maluf é bom, porque ele perde, dizia o Tancredo.

O Dr. Ulysses tentou dar uma de paulista para cima do Dr Tancredo.

E impôs uma comissão para redigir o programa econômico.

Quem ia mandar – segundo o Dr Ulysses – ia ser o jenio.

Naquela época, o jenio tinha as idéias que, hoje, acusa a Dilma de ter.

O Dr Tancredo, claro, concordou plenamente e deu posse ao Serra na Copag.

Chamou o Francisco Dornelles do lado, e mandou o Dornelles botar alguém na cola daquele “comunista” – carinhosa expressão que o Dr Tancredo dedicava ao Serra.

E assim foi feito.

Dornelles botou um economista da FGV do Rio, homem de sua confiança, na cola do Serra: Sebastião Marcos Vital.

O Serra não botava – nem tirava - uma vírgula do programa sem o assentimento do Sebastião.

Final da história.

Tancredo rasgou o plano da Copag.

Resistiu à pressão para nomear outro paulista Ministro da Fazenda – Olavo Setúbal.

Nomeou o Dornelles Ministro da Fazenda e Sebastião, vice-ministro da Fazenda.

E o Serra voltou para São Paulo, o ninho tucano, para escrever o currículo. (**)

Serra influiu mais no Governo do Franklin D. Roosevelt do que no do Tancredo.


Paulo Henrique Amorim


(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.

(**) Houve outra tentativa paulista de nomear Serra Ministro da Fazenda. Quando Collor caiu e Itamar assumiu, o Dr Ulysses voltou a insistir no Serra. Insistiu e insistiu pelos jornais. Itamar, finalmente, aceitou receber o Serra. Do lado de fora, os repórteres, nervosos, todos a torcer pelo Serra – enfim, Itamar teria um Ministro da Fazenda do Dr Ulysses. A audiência foi rápida. Serra saiu pelos fundos. Itamar aceitou enfrentar os agentes do PiG (*). “Então, Presidente, o senhor já tem Ministro da Fazenda ?”, perguntaram os aflitos. “Não”, respondeu Itamar. “A pessoa que eu recebi não queria ser Ministro da Fazenda. Queria o meu lugar.”