O Conversa Afiada reproduz texto do nosso editor João Andrade, que enfrentou o caos do transporte de São Paulo na manhã desta terça-feira:
Paulo e Geórgia,
Acabo de chegar no C Af, com 1h30 de atraso.
Como de costume, vim trabalhar de carro. Mas o trânsito, que já é intenso diariamente, estava insuportável. Moro na Vila Prudente e preciso cruzar a Avenida do Estado quase inteira. Um percurso que deveria ser de 20 minutos, mas passa a ser de, no mínimo, 45 minutos por conta do congestionamento.
Liguei o rádio na Jovem Pan e ouvi que, por causa das chuvas, o nível do Rio Tamanduateí (que corre ao lado da avenida) estava alto. Deduzi que não chegaria no horário e resolvi usar o transporte público.
Estacionei o carro e me dirigi ao metrô Tamanduateí, um daqueles recém-lançados, coincidentemente na época das eleições. Mas, apesar de funcionar desde 21 de setembro, está em teste. E já se vão dois meses de testes, ou Operação Assistida, como gostam de chamar.
Por conta disso, todas as pessoas que vêm do Tamanduateí e Vila Prudente são obrigadas a desembarcar na estação Sacomã. Isso mesmo! Você está dentro do vagão e tem que descer. Todos desembarcam, saem da estação, pagam sua passagem e pegam uma imensa fila para embarcar novamente. Se fosse em Portugal, seria motivo de piada.
É incrível! Além dos famosos 1 km por ano, sempre ditos pelo Paulo Henrique, o Governo de São Paulo ainda complica o óbvio no metrô. Dois ou três vagões andam vazios por uma estação, enquanto centenas de pessoas se espremem para entrar nos demais vagões, que vão superlotados como todo o metrô da cidade.
Alguns trens e quase meia hora depois, embarquei. Fiz as duas baldeações necessárias, percorri as três linhas (Verde, Azul e Vermelha) e cheguei ao C Af, duas horas após deixar minha casa. E inconformado por ver como o povo é tratado em São Paulo!
Trânsito, enchente, transporte público... mas como costumo dizer, paulista deve gostar, já que reelege o mesmo modelo de Governo há 16 anos.