O Jardim Romano ou o Minhocão? O que a elite de São Paulo fez de melhor?
Qual o portão de Brandemburgo de São Paulo ?
A Brooklyn Bridge ?
O Corcovado ?
O Panteon de Adriano ?
Qual o conjunto arquitetônico que inscreverá São Paulo na História da Arquitetura Ocidental ?
Como diz o meu cunhado, a elite branca de São Paulo foi incapaz de construir uma igreja, uma Sé.
Os apressados dirão que a obra-síntese da voracidade selvática dos paulistanos é o Minhocão.
O Minhocão do Maluf, o Adriano de São Paulo.
O Conversa Afiada já propôs o tombamento do Paço dos Reis, um monstrengo que fica entre uma favela e o Palácio do Governo de São Paulo.
Seria uma homenagem a Gilberto Freyre – um símbolo da iniquidade a que os pobres da cidade são submetidos.
O Conversa Afiada, porém, de uns tempos a essa parte, convenceu-se de que o Jardim Romano é o que a elite de São Paulo e os tucanos deixarão como legado arquitetônico.
Sabe-se, por exemplo, que o José Serra, na melhor fase de sua carreira – quando se chamava de Zé Alagão – esteve lá (de helicóptero).
Quando uma líder do Jardim Romano - eu a conheci – o interpelou, ele foi embora (de helicóptero).
(Ele tem um problema com mulheres que fazem perguntas. Deve preferir as que se calam.)
O Jardim Romano ficou 40 dias alagado.
Um prefeito – quem será ? O Serra, o Kassab ? – autorizou a construção de um conjunto habitacional em cima d’água.
Agora, segundo o testemunho insuspeito do Estadão - outro legado de São Paulo à Kultur Ocidental – página C3, os expulsos do Jardim Romano tentam criar um bairro para morar (e não conseguem).
Eles recebem do Serra uma bolsa aluguel de R$ 300 e, com isso, não tem o que alugar.
Leve-se em conta que a maioria dos favelados de São Paulo é composta de nordestinos.
E que a maioria deles não vota em São Paulo.
É uma das obras-primas da arquitetura social dos tucanos – o desaparecimento das minorias.
A propósito, recomendo enfaticamente o artigo de Maria Rita Khel, na página D18 do Estadão, em que ela diz, com propriedade, que, de cima, São Paulo parece uma cidade bombardeada.
Ou um lager nazista, segundo o pintor alemão Anselm Keiffer.
Paulo Henrique Amorim