Obama vai falar na Brizolândia. O Kamel não engole ele até hoje
A Cinelândia se tornou, com o tempo, a Brizolândia.
No lindo centro velho do Rio, a Cinelândia fica perto da sede do PDT.
Tem ali um busto de Vargas.
Ao fundo, o Teatro Municipal.
Atrás, a Biblioteca Nacional.
Ao lado, ficavam o Senado e o Obelisco, onde Vargas amarrou os cavalos em 1930, mas um governo militar (iluminado, segundo alguns historialistas) os derrubou.
O busto de Vargas recebe uma romaria todo dia 24 de agosto.
Ali, Brizola fez o comício da vitória de 1982 (*), quando a multidão cantou a “briza que chegava”.
Por muitos anos, os desdentados brizolistas ocuparam a Cinelândia.
Ali, por tradição, passaram a se realizar os comícios dos candidatos trabalhistas.
Lula e Dilma estiveram lá.
(Os comícios dos tucanos se dão na piscina do Country Club, que fica entre Ipanema e o Leblon. Eles preferem não pisar na água, para não se contaminar.)
Ontem, ao anunciar que Obama fará um discurso na Brizolândia, o Ali Kamel mencionou a Passeata dos Cem Mil – que a Globo boicotou – e o comício das Diretas Já !, que a Globo ignorou desde seu lançamento, em São Paulo.
(O jornal nacional disse que a multidão da Praça de Sé, em São Paulo, estava ali para comemorar o aniversário da cidade.)
(O comício das Diretas, na verdade, foi na Candelária, e, não, na Cinelândia, que não o comportava.)
O Ali Kamel de ontem ignorou a Cinelândia de Vargas e Brizola.
O Dr Roberto Marinho não engoliu os dois até hoje.
E os filhos – eles não têm nome próprio – não engoliram o herdeiro do trabalhismo: o Nunca Dantes.
Clique aqui para ver um vídeo inesquecível: o jornal nacional é obrigado a divulgar editorial do Brizola contra Roberto Marinho.
E aqui para assistir a outro vídeo, num horário eleitoral, em que Brizola recomenda não ler o Globo.
É por isso que o Ali Kamel finge que a estátua na Cinelândia é a do Dr Roberto.
Porque Brizola é o único político brasileiro que enfrenta a Globo.
E ganha.
Paulo Henrique Amorim
(*) Em 1982, como se sabe, Leonel Brizola ganhou a eleição para governador do Rio, depois de derrotar o candidato dos militares, Wellington Moreira Franco – a quem ele chamava de “gato angorá da ditadura” - Roberto Marinho, o SNI, a Justiça Eleitoral e a Polícia Federal.