Cardozo: criminoso do colarinho branco, relaxe e goze
Zé Eduardo Cardozo é o Ministro da Justiça que trabalhou para Daniel Dantas e o defendeu diante dos amigos do Berlusconi.
Zé (é como o pessoal do Dantas o chama) costuma tocar piano na casa de advogados de Dantas.
Ontem ele tocou piano de novo – clique aqui para ler na pág. D2 do Estadão.
E tranquilizou a rapaziada do crime do colarinho branco.
Perceba, amigo navegante:
“Continuamos a aprofundar o foco (sic) no crime organizado. Fazendo o trabalho sem espetacularização de situações, sem holofotes, dentro da estrita legalidade, que é o seu papel.”
“Houve um momento (veja bem, amigo navegante, “um” momento – PHA) de espetacularização, sim, mas os ministros (ministros no plural ? – PHA) tomaram ciência de que isso não era correto, cabível. Sem shows, a PF é mais eficiente.”
Vamos traduzir o Zé, amigo navegante.
“Ministros” devem ser o ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*), e Nelson Johnbim, que criaram um “grampo sem áudio” e defenestraram para Portugal o ínclito delegado Paulo Lacerda.
“Espetacularização” – significa que o Daniel Dantas jamais será preso (de novo).
Nem ele nem qualquer outro rico.
A palavra “espetacularização” é uma contribuição do ex-Supremo Presidente Supremo do Supremo, Gilmar Dantas (*) à História da Magistratura Ocidental.
(O verbete dele começará com a descrição dos “HCs Cangurus” – dois HCs a um passador de bola apanhado no ato de passar bola, em tempo record: 48 horas !)
Foi ele quem chamou a operação Satiagraha de “espetacularização”.
Depois, num delírio, disse que o ínclito delegado Protógenes Queiroz queria dar um Golpe de Estado.
Queira ou não o Zé (é assim que o pessoal do Dantas o chama) prisão de rico é sempre um espetáculo.
Numa sociedade em que a tarefa número da Presidenta da República é erradicar a pobreza, num país de tantos miseráveis, um rico ir para a cadeia é, como diz o Zé, um “show”.
Mesmo que a Globo não exiba no jornal nacional, como fez, de forma límpida e nítida, com o ato de passar bola do Dantas.
Mesmo fora do horário nobre é um prazer ver o Maddoff chegar de capa Burberry e cara de santo ao Tribunal de Nova York.
E isso no país mais rico do mundo.
Como foi “espetacular” a prisão daquela empresaria novaiorquina que dizia “quem paga imposto de renda é pobre”.
Foi um espetáculo de televisão e emocionou os americanos: se eu pago, ela tem que pagar !
E isso tem uma função na democracia, Zé (como chamam os amigos do Dantas).
É a exemplaridade.
É dar a cada cidadão na República a convicção de que a Lei é para todos.
O Ministro diz que “aprofundou o foco” (seja lá o que isso signifique) no “crime organizado”.
“Crime organizado” tem mais cara de Complexo do Alemão do que de Banco Opportunity, não é isso, amigo navegante.
Daniel Dantas está mais para “crime do colarinho branco”, não é mesmo?
Convém não se esquecer de dois detalhes centrais:
1) o diretor geral da Policia Federal do Zé é um delegado que tentou impedir o desfecho da Satiagraha – o que levou Protogenes Queiroz a dizer “tudo como dantes no quartel do Dantas” !
2) O chefe de gabinete da Presidenta é o Tony Palocci, que concedeu a Dantas, na CVM, um tratamento de sacra reverência, ao lá manter como presidente o advogado e sócio de Dantas, o notável jurisconsulto Dr Luiz Cantidiano.
Rapaziada, sorria !
Você está no Brasil !
Paulo Henrique Amorim
(*) Clique aqui para ver como um eminente colonista do Globo se referiu a Ele. E aqui para ver como outra eminente colonista da GloboNews e da CBN se refere a Ele.