Procurador Geral ignora petição sobre Dantas. Viva o Brasil!
No dia 22 de março, este ansioso blogueiro encaminhou ao Procurador Geral da República, Dr Roberto Gurgel, o e-mail que se segue.
O e-mail foi enviado à caixa do chefe de gabinete, Dr Marcio Correa.
De lá para cá, este ansioso blogueiro telefonou às gentis secretarias dos drs. Gurgel e Correa e foi tratado com suave menosprezo.
A este ansioso blogueiro parecia uma indelicadeza publicar o e-mail antes que o Dr Gurgel se manifestasse.
Ou que seu ilustre Chefe de Gabinete sequer acusasse o recebimento.
Nem uma coisa nem outra.
Assim, com a mesma elegância, este ansioso blogueiro reproduz o e-mail que o Dr Gurgel NÃO recebeu:
Prezado Dr. Roberto Gurgel
São Paulo, 22 de março, 2011
Conta-se que, ao sair do Independence Hall, em Filadélfia, depois de ajudar a redigir a Constituição americana, uma senhora se aproximou de Benjamin Franklin e perguntou:
- O que o senhor nos deixa de legado ?
- Uma República, minha senhora, disse Franklin.
Devo essa história ao filme “O Jogo do Poder”, que recomendo com entusiasmo.
Na qualidade de cidadão de uma República, dirijo-me ao senhor no uso do meu direito de petição.
Quero me referir à grave denúncia do deputado federal Protógenes Queiroz, da tribuna da Câmara - http://www.conversaafiada.com.br/brasil/2011/03/17/protogenes-quer-testemunhar-contra-dantas-e-evitar-escandalo-no-judiciario/
Um juiz do Superior Tribunal de Justiça prepara-se para transformar a Operação Satiagraha num entulho, com seu voto solitário.
Acontece que este Juiz, o Dr Macabu, tem um filho, Dr Macabu Filho, empregado no escritório do advogado de Daniel Dantas, o Dr Sergio Bermudes.
Devo lhe confessar que fiquei perplexo ao ver que um Procurador da República decidiu que a Operação Satiagraha era ilegal, imediatamente após aposentou-se e foi trabalhar com Daniel Dantas.
A minha perplexidade derivou do fato de ter acompanhado o trabalho heróico e republicano de dois Procuradores da República, a Dra Anamara Osório e Rodrigo De Grandis, do MPF-SP.
Dois heróis anônimos na tentativa – ao lado de Protógenes e do corajoso Juiz Fausto De Sanctis – de punir aquele que, seguramente, cometeu alguns dos maiores crimes da história do capitalismo brasileiro.
E me perguntava: quem é o Ministério Público da minha República – o procurador que inocentou e foi trabalhar para Dantas, ou Anamara e Rodrigo ?
Isso é uma consideração irrelevante, o senhor pode considerar.
Porém, não considero irrelevante que o Ministério Público venha a silenciar sobre a óbvia e gritante irregularidade que o Juiz Macabu pode vir a produzir.
Cabe lembrar aqui que o mesmo notório Dr Bermudes empregou por algum tempo a mulher do Ministro Gilmar Mendes, então presidente do Supremo Tribunal Federal.
O Ministro Mendes, como se sabe, entrou para a História da Magistratura Universal ao dar dois HCs em 48 horas a Daniel Dantas, depois condenado a 10 de reclusão por subornar um agente federal.
Recentemente, assisti a outro filme que recomendo também com entusiasmo: “Trabalho Interno”, sobre as falcatruas que derrubaram a economia americana em 2008.
Um crítico do New York Times conta que ao ver o filme se lembrou da frase de uma personagem do romance “The Scarlet Letter”, de Nathaniel Hawthorne.
Depois de assistir ao enforcamento de uma adúltera, disse:
“O crime foi punido, mas não há lei que puna a vergonha a que ela nos submeteu ?”
Ben Franklin lhe perguntaria, Dr Gurgel: a Procuradoria Geral da República, que o senhor preside com competência e probidade, vai se calar diante do que o Juiz Macabu se prepara para perpetrar ?
A vergonha a que Daniel Dantas nos submete – não há crime que a condene ?
Por isso, inspirado em Franklin, exerço o meu direito de petição e peço que o senhor aja contra esse escândalo que se aproxima de macular o Superior Tribunal de Justiça !
A Justiça do Brasil !
Atenciosamente,
Paulo Henrique Amorim